Lula no Fantástico e a Síndrome de Estocolmo
"Lula deu uma arriscada entrevista para a rede monopolista e inimiga da verdade, a Globo, na sua decadente revista de domingo, o Fantástico", diz Arnóbio
Lula foi muito bem na entrevista coletiva. Por mais que os médicos tenham explicado tecnicamente o excelente trabalho, a fala do paciente tem um peso e uma validação do trabalho. Tudo certo. O agradecimento não foi apenas aos médicos; ele foi perfeito em reconhecer a equipe de enfermagem, fisioterapia, etc., uma demonstração de carinho e respeito com todas e todos que o trataram nesses dias mais que tensos. Sem vazamentos, sem especulações, diga-se, uma raridade tratando-se de Lula.
Para surpresa (zero) geral, Lula deu uma arriscada entrevista para a rede monopolista e inimiga da verdade, a Globo, na sua decadente revista de domingo, o Fantástico. Escalaram Sônia Bridi, uma jornalista experiente, para uma ratoeira, por mais escolado que seja o presidente Lula. Só o fato de a Globo gravar uma entrevista com Lula já é a certeza de que irá manipular o conteúdo, tirar do contexto e não lhe dar a oportunidade de defesa. Ela, a Globo, fará o que mais sabe fazer: mentir, tergiversar e mudar a perspectiva das falas.
E Lula foi Lula, e a Globo foi a Globo. A sensação é de que foi um desperdício, um desgaste pessoal, uma ideia impulsiva, uma avaliação errônea de que o estado de convalescença de Lula faria a Globo ser tolerante, aliviaria. Obviamente, ela jamais perderia uma grande chance dessas. Nadou de braçada.
A jornalista insiste que Lula não foi diligente com a doença, que faltou cuidado, e deixa no ar se ele não está sob ameaça de que isso aconteça novamente, ainda que a resposta de Lula sobre proteção divina e médica tenha sido boa. Lula falou, com suas palavras, sobre o que sofreu em relação à sua prisão e ao seu processo, fazendo menção à prisão de Braga Netto. A Globo o desmente em seguida, colocando em relevo a famigerada Lava Jato. Até a imagem do juiz parcial foi usada, o que não deixa dúvida sobre o caráter da Globo.
Por fim, a questão dos juros. Lula chega a se alterar, fala de todas as realizações e da defesa de seu governo em um canal de ampla audiência, parte do que a comunicação falha demais em não transformar as realizações em POLÍTICA, recaindo apenas em Lula a possibilidade de defender um legado — não dele, mas de um grupo, da esquerda. Nesse ponto, a Globo faz questão de defender Campos Neto e entuba o governo ao dizer que os indicados de Lula votaram unanimemente com o presidente do Banco Central.
No geral, foi uma boa matéria. Lula é craque na comunicação. No entanto, a Globo sabe seduzir, armar e, como o escorpião da fábula, usar o ferrão, o que, no fundo, nos leva à reflexão de que a esquerda confirma tantas vezes que sofremos da síndrome de Estocolmo. Mesmo Lula sendo gigante, o poder da Globo parece irresistível. Por nossa sorte, ele tem força e não sucumbe, mas quem o ladeia deveria pensar muito nesse tipo de ratoeira, especialmente na situação pessoal que ele vive.
Força, presidente Lula!
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