Lula tem razão em proteger o bolsa família contra a jogatina
A sugestão de liberar os recursos do Bolsa Família para apostas na loteria é uma vergonha social
É preciso recuperar o debate político que acompanhou o lançamento do Bolsa Família, em 2002, para entender a pressão conservadora para promover um ataque mortal a um dos mais bem-sucedidos programas de proteção às famílias empobrecidas do país.
Acusado de lançar um projeto que só teria finalidades eleitoreiras, Lula deu um "Não" categórico como resposta e calou seus críticos. Definiu que os recursos do projeto seriam destinados exclusivamente a brasileiros e brasileiras no último degrau da pirâmide social, devendo cumprir uma função social insubstituível no combate à miséria e suas mazelas.
Lançado em 2003, os bons resultados do programa estão aí, reconhecidos por todos. Nem Jair Bolsonaro, adversário ideológico do programa, se atreveu a mexer em seus benefícios. A sugestão de liberar os recursos do Bolsa Família para apostas na loteria é uma vergonha social e uma armadilha política.
Implica em reabrir as portas da miséria social mais vergonhosa — semi-fechadas ainda que provisoriamente, diga-se — para promover um retrocesso gigantesco, restabelecendo um patamar de desigualdade capaz de corroer a sociedade brasileira e trazer de volta uma indigência sob medida para alimentar aventuras autoritárias de extrema-direita.
Ainda que os cinco mandatos de Lula e Dilma tenham produzido mudanças em aspectos importantes da sociedade brasileira, não se pode ignorar o ponto fundamental.
As diversas mudanças promovidas nos mandatos de Lula e Dilma começaram nas camadas abandonadas da sociedade, no andar debaixo, que até ali nunca tivera a devida atenção por parte dos governantes.
A ideia de utilizar recursos de um projeto fundamental para atender às necessidades da camada mais explorada do país equivale a sabotar o andar debaixo da sociedade, num movimento que faria o edifício inteiro vir abaixo.
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* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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