Luzes nas eleições
É evidente que o partido não acatou a decisão de apoiar Guilherme Boulos, do PSOL, pois não houve nas ruas a militância que se viu em eleições anteriores
Nos debates norte-americanos, sempre limitados a dois lados da mesma moeda capitalista, as luzes do palco dão o tom das propostas apresentadas. Donald Trump continua a ser o porta-voz da extrema-direita baseada em mentiras que, quanto mais estapafúrdias, mais agradam a seus eleitores. Kamala Harris conseguiu se apresentar bem e, com a dignidade que lhe é peculiar, respondeu ao republicano, realçando o absurdo de algumas teorias da conspiração que o ex-presidente prega. Vamos ver se a democrata consegue convencer os eleitores norte-americanos de que aquilo que é bom para nós também é bom para eles.
Por aqui, o segundo turno em São Paulo vai se consolidando, mais pelo desconhecimento do eleitor em relação a quem comanda a Prefeitura do que pela crítica à atual gestão. Com a cidade, novamente, às escuras, a rima é imediata: o apagão é perfeito para o apagado prefeito.
Tornou-se quase tabu falar de luz na política. Articulistas têm acertado no argumento da falta de gestão frente aos eventos climáticos extremos, usando o jogo de palavras "luz e democracia", mas isso não reflete o fato de que está havendo cada vez menos luz em nossa democracia. Se um fato às claras, com o perdão do trocadilho, como a falta de luz, é transformado – nas falas do prefeito – em algo que não está acontecendo devido à falta de manutenção das árvores, então a distopia vira realidade. Além disso, a estúpida solução a ser encontrada será cortar ainda mais árvores, já que enterrar fios e mudar a altura dos postes de iluminação ninguém quer fazer. Isso porque, ingenuamente, ainda no primeiro turno, desejava-se menos especulação imobiliária com a mudança do plano diretor e ver as "verdinhas" dando lugar para mais verde na cidade. Plano de gestão de áreas verdes, poda de árvores, rearborização: estamos cada vez mais cinzas e concretados!
Fato concomitante a isso é que o PT realmente ficou de fora das eleições municipais de São Paulo. É evidente que o partido não acatou a decisão de apoiar Guilherme Boulos, do PSOL, pois não houve nas ruas a militância que se viu em eleições anteriores. A traidora Marta Suplicy como candidata a vice na chapa é apenas fachada, sabemos disso. O PT pragmático, junto com a esquerda identitária, deverá reavaliar seus métodos e princípios, pois uma guinada à direita para manter a reeleição de Lula em 2026 poderá ser catastrófica.
Com certeza, a esquerda como um todo precisa aprender a evoluir, mas o PT até cresceu em número de prefeituras, ainda mais considerando que essa não foi a prioridade do partido, já que a governabilidade da presidência da República está em jogo. A questão é saber se haverá uma composição com a centro-direita, repito, mas capitaneada por PSD e MDB, para a reeleição de Lula em 2026, barrando, mais uma vez, a chegada da extrema-direita ao poder, evitando o mal maior.
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