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Marcos Coimbra: “o eleitor vota pragmaticamente e o poder do Congresso prevaleceu nas eleições”

O sociólogo analisa o resultado das eleições e destaca a força dos partidos pragmáticos e a influência das emendas parlamentares na decisão dos eleitores

(Foto: Reprodução )

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247 - Em uma entrevista à TV 247, o sociólogo Marcos Coimbra, fundador do instituto de pesquisas Vox Populi, analisou o resultado do primeiro turno das eleições municipais no Brasil. Segundo Coimbra, não houve grandes surpresas no pleito, com o pragmatismo e o controle político dos recursos prevalecendo sobre as ideologias. Ele destacou que as eleições municipais, desde a redemocratização, seguem um padrão onde partidos "pouco ideológicos" costumam dominar o cenário.

Coimbra foi incisivo ao afirmar que “o eleitor vota pragmaticamente”, ressaltando que a influência das emendas parlamentares tem sido determinante para o resultado das eleições. “Não estamos vendo uma manifestação política da maioria dos municípios. Foram escolhas pragmáticas, onde os candidatos ligados ao controle dos recursos federais e estaduais prevaleceram”, afirmou.

O sociólogo também criticou o que chamou de “colonialismo moderno”, onde prefeitos dependem de deputados que controlam as emendas e os recursos. Para ele, esse modelo é uma herança negativa dos governos de Jair Bolsonaro, que ampliou a dependência das prefeituras em relação aos parlamentares. “Os prefeitos estão preocupados com quem vai garantir a continuidade dos investimentos, como escolas e obras públicas, e isso limita as escolhas políticas ideológicas do eleitor”, explicou.

Pragmatismo e poder econômico

Marcos Coimbra fez duras críticas ao uso dos recursos do orçamento secreto e destacou o papel central do Congresso na manutenção desse controle político. Segundo ele, “o dinheiro foi fundamental” nas eleições municipais, e isso está diretamente ligado à dependência das prefeituras em relação aos deputados federais, que distribuem emendas para seus redutos eleitorais. “É uma chantagem que funciona. O eleitor sabe que, se não votar no candidato certo, o município ficará sem verbas”, completou.

Além disso, ele observou que o poder do Congresso e o fortalecimento das lideranças que controlam a Câmara dos Deputados são os fatores que mais influenciaram os resultados. “O Congresso falou mais alto, e vimos mais uma vez uma eleição onde o dinheiro e o controle político foram fundamentais”, destacou.

São Paulo como exceção

Apesar de destacar o pragmatismo dominante nas eleições municipais, Coimbra fez uma ressalva ao citar São Paulo como uma exceção. Na capital paulista, ele acredita que a dinâmica eleitoral foi diferente, com o crescimento de candidatos que mobilizaram as redes sociais, como Pablo Marçal e Guilherme Boulos. “Em São Paulo, vimos uma eleição em que as questões partidárias e ideológicas tiveram mais peso”, afirmou. Ele também destacou que cidades como Rio de Janeiro, Salvador e Porto Alegre possuem uma realidade diferente, onde o pragmatismo não é tão determinante quanto nos pequenos municípios.

Segundo o sociólogo, a cidade de São Paulo mostra uma maior liberdade do eleitor em suas escolhas, diferentemente do que ocorre em outras localidades, mais dependentes de estruturas políticas tradicionais. “Cidades grandes como São Paulo se libertaram desse jogo coronelista que ainda domina a maioria dos 5.800 municípios do país”, concluiu.

Um olhar para 2026

Questionado sobre o cenário futuro, Coimbra comentou sobre as perspectivas para as eleições presidenciais de 2026 e o papel de figuras políticas como Tarcísio de Freitas e Guilherme Boulos. Ele apontou que, apesar do bom desempenho de Tarcísio no interior paulista, isso não o qualifica automaticamente como adversário de peso para Lula em 2026. “Ganhar prefeituras no interior de São Paulo não significa ser um forte candidato à presidência”, ponderou.

Coimbra também destacou a importância da força eleitoral de Lula para enfrentar o Congresso. “Quanto mais fortalecido o presidente sair das urnas, melhor será para enfrentar o controle do Congresso. E a única coisa que o Congresso respeita é voto”, finalizou.

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