Ministros do governo Lula precisam dar mais a cara à tapa e falar com a mídia progressista

Há um pacto de covardia no governo Lula que precisa ser rompido por Sidônio Palmeira, que acaba de assumir a Secom, ou isso vai lhe custar muito mais do que ele talvez imagine.

Os ministros do governo Lula, com raras exceções, só falam no máximo com a Globo News, CNN e a colunista Mônica Bergamo, da Folha. Nada contra os jornalistas da Globo News e CNN e nem a Mônica. Eles estão fazendo o trabalho deles.

Mas o ecossistema midiático não é só isso. E a gente vem dizendo isso há tempos, mas se precisava de uma prova, ela veio com Bolsonaro. Ele desprezou o mainstream e, até hoje, mesmo fora da presidência ainda pauta esses veículos a partir das entrevistas que dá em circuitos que lhe são mais próximos e seguidos pela sua base.

Não é que Lula precisa fazer como Bolsonaro. Mas, acho que ele deve fazer mais coletivas onde veículos independentes como essa Fórum possam participar em igualdade de condições com a mídia neoliberal.

Por outro lado, seus ministros têm que fazer uma blitz nos canais independentes que falam com o público lulista, com os progressistas e democratas.

É a base lulista que está em jogo neste momento.

Foi a erosão de popularidade neste segmento que levou o governo aos 24% de aprovação no Datafolha.

Mas os ministros de Lula, em geral, ao que parece se acham muito importantes pra falar diretamente com essa base.

Seus assessores, com raras exceções, desprezam o papel da mídia independente progressista. Quando respondem indicam uma entrevista para o futuro, que dificilmente é agendada. Não são pró-ativos. Não mandam sequer releases, fotos e vídeos para serem usados no portal ou no canal de YouTube. Não antecipam agendas de programas que serão lançados nas pastas. Não disputam esses espaços.

Por exemplo, a sede da Fórum é em Santos. Lula estará em Santos hoje. Não fomos comunicados pela Secom e ao procurá-los pra buscar informações não obtivemos resposta. É um exemplo de como as coisas precisam de um choque de gestão.

Não é querendo transformar Lula em "tiktoker" que o governo recuperará sua popularidade. É preciso que os ministros deem a cara a tapa e seus assessores tenham mais foco em também falar com os formadores de opinião do campo lulista. Que, por exemplo, assistiram Boulos no Fórum Onze e Meia de ontem.

Foram 60 mil views só no ao vivo do YouTube. Fora os cortes em todas as outras redes e o reaproveitamento do conteúdo por outros programas da Fórum e pelo portal.

É a base lulista sendo informada pela mídia que ela confia. Que ela sabe que tem lado programático, mas que não é sabuja de qualquer governo. Que está ao lado do movimento social e sindical, da luta das mulheres, dos negros, de lgbts, dos PCDs e de todos os segmentos que precisam de voz.

Enfim, o buraco do reposicionamento de Lula passa primeiro por convencer sua base de que o governo é bom. Se isso acontecer, o ótimo e bom volta para no mínimo 35%.

Mas, para isso, quem tem que sair da zona de conforto são os ministros e seus assessores de comunicação, que precisam sair da toca e trabalhar com mais foco nesta base.