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    Leonardo Attuch

    Leonardo Attuch é jornalista e editor-responsável pelo 247, além de colunista das revistas Istoé e Nordeste

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    Neoliberalismo, manipulação pela fé e repressão: a fórmula da extrema-direita para o Brasil

    Esta é a fórmula do tripé formado por Tarcísio de Freitas, Guilherme Derrite e Michelle Bolsonaro

    Guilherme Derrite, Michelle Bolsonaro e Tarcisio de Freitas (Foto: Marcelo S. Camargo/Governo do Estado de SP | Isac Nobrega/PR)

    O projeto da extrema-direita para o Brasil está cada vez mais evidente: um modelo que combina privatização em larga escala, repressão policial e uma liderança evangélica para consolidar o poder. Trata-se de um tripé estratégico onde o neoliberalismo aprofunda a desigualdade, a violência é usada como resposta à miséria social, e a fé é instrumentalizada para anestesiar a insatisfação popular.

    O nome que encabeça esse projeto é Tarcísio de Freitas, atual governador de São Paulo, que se apresenta como o candidato ideal da classe dominante e do capital financeiro local e internacional. Sua gestão é marcada por um forte alinhamento com a lógica neoliberal, aprofundando a privatização de serviços essenciais e abrindo caminho para a venda de ativos estratégicos, como a Petrobras. Os grandes conglomerados empresariais veem nele a oportunidade de reduzir a presença do Estado na economia e garantir que setores lucrativos passem para mãos privadas, independentemente do impacto social.

    Entretanto, a adoção pura e simples do neoliberalismo gera consequências previsíveis: arrocho salarial, desemprego e precarização do serviço público. Para conter a revolta gerada por esse cenário, a solução proposta é o fortalecimento da repressão. Não à toa, o nome mais cotado para suceder Tarcísio no governo de São Paulo é Guilherme Derrite, secretário de Segurança Pública e defensor de uma política agressiva de combate ao crime. Em um país onde as periferias são constantemente vitimadas pela violência do Estado, esse discurso visa legitimar a criminalização da pobreza e garantir que a insatisfação social seja contida pelo medo.

    A terceira peça desse quebra-cabeça é a religião. A escolha de Michelle Bolsonaro como possível vice de Tarcísio não é um detalhe, mas parte essencial dessa estratégia. A ex-primeira-dama tem forte conexão com os setores evangélicos, e sua presença na chapa tem o objetivo de consolidar o apoio de pastores e lideranças religiosas, fundamentais para a mobilização e alienação da base conservadora. A religião, nesse contexto, não é usada para promover a solidariedade e a justiça social, mas para justificar a resignação diante da exploração e da desigualdade. Se o povo sofre, é porque Deus quer assim. Se os ricos prosperam, é porque foram abençoados.

    Essa fórmula já foi aplicada em outros países e tem como objetivo consolidar uma extrema-direita autoritária, que mantém a população sob controle através de um tripé bem estruturado: a economia voltada para os interesses das elites, a polícia como instrumento de repressão e a religião como ferramenta de manipulação. O Brasil, caso embarque nessa direção, poderá ver um retrocesso ainda maior nas suas políticas sociais e democráticas.

    A extrema-direita não está apenas organizando um projeto político-eleitoral, mas uma estrutura de poder que visa moldar o Brasil para serviço do capital e do autoritarismo. Se essa estratégia não for combatida com consciência política e mobilização social, o país corre o risco de entrar em um novo ciclo de privatização, repressão e controle ideológico que poderá comprometer seu futuro por décadas.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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