No vale tudo pelo ajuste fiscal, Faria Lima e mídia agem como partidos políticos
"Mercado não é partido político, para apoiar ou fazer oposição a governantes eleitos", escreve Bepe Damasco
A operação sabotagem segue a pleno vapor: a moeda nacional é alvo de crescente movimento especulativo por parte da Faria Lima, jogando o valor do dólar para as alturas e criando um ambiente político propício para colocar o governo Lula na defensiva.
O objetivo é tentar obrigá-lo a aceitar um modelo de ajuste fiscal com base no sacrifício dos mais pobres, tesourando o Benefício de Prestação Continuada (BPC), o seguro-desemprego e a política de valorização do salário mínimo.
Enquanto Lula resiste, os sanguessugas do mercado junto com a imprensa comercial, sua sócia na empreitada, aumentam a artilharia. Uma dia desses um comentarista econômico de televisão teve a desfaçatez de dizer que "o mercado perdeu a paciência e resolveu dar uma basta no governo", ou "é bom que o governo saiba que não é qualquer ajuste que vai satisfazer ao mercado".
Afinal, quem essa gente pensa que é? Se é demais pedir respeito pela soberania popular para quem a vida só faz sentido com o ganho fácil do dinheiro, que pelo menos os bancos, fundos de investimento e as corretoras saibam que não lhes cabem perder ou manter a paciência com governos.
Mercado não é partido político, para apoiar ou fazer oposição a governantes eleitos.
Outro objetivo nítido da alta artificial da moeda norte-americana é impactar negativamente os preços, o que acaba elevando os índices inflacionários, trazendo desgaste para o governo.
Tudo indica que os primeiros esboços de ajustes apresentados pelo ministro Haddad não agradaram a Lula. Daí os seguidos adiamentos do anúncio do ajuste fiscal.
Aliás, Lula faz muito bem em cobrar que o Legislativo e o Judiciário participem do esforço de ajuste das contas públicas.
Neste domingo, movimentos sociais, sindicatos e partidos de esquerda, como PT, PSOL, PDT e PCdoB, lançaram um manifesto com críticas às possíveis medidas do ajuste fiscal, chamando a atenção de que elas prejudicarão aposentados e trabalhadores, além de reduzir os recursos destinados à educação, à saúde e ao investimento produtivo.
O manifesto vai na linha justa de tentar impedir cortes que afetarão os mais vulneráveis socialmente.
Hoje, a imprensa noticia que Lula já aceita limitar algumas despesas obrigatórias. Vamos ver.
Confio no senso de justiça do presidente Lula e no seu compromisso histórico com os direitos da classe trabalhadora e dos aposentados.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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