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      Francisco Calmon

      Ex-coordenador nacional da Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça; membro da Coordenação do Fórum Direito à Memória, Verdade e Justiça do Espírito Santo. Membro da Frente Brasil Popular do ES

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      Novos dirigentes, preocupações antigas

      As palavras de ordem dos novos presidentes da Câmara e do Senado foram: pacificação, independência e respeito às prerrogativas alcançadas pelo Congresso

      Hugo Motta, Davi Alcolumbre e Lula (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

      As palavras de ordem dos novos presidentes da Câmara e do Senado, respectivamente Hugo Motta e Davi Alcolumbre, foram: pacificação, independência do Legislativo e respeito às prerrogativas alcançadas pelo Congresso.

      Empoderados pela quantidade de votos que receberam, abraçaram gregos e troianos para tal, porém, na política o que conta são os interesses, geralmente contraditórios.

      Lula disse que é amigo dos dois, mas os dois não disseram que são amigos do Lula. Ademais, são bem jovens e devem acalentar grandes pretensões, e são elas que irão balizar o comportamento de ambos.

      Traduzindo: manutenção das emendas parlamentares, que já estão com a previsão de abocanhar em torno de R$ 50 bilhões do orçamento geral, colocar um dique nas intervenções do Supremo e fingirmos todos que não estamos num ano pré-eleitoral, cuja variável vai nortear os trabalhos do Congresso, independente das aparentes boas intenções.

      Na defesa das emendas parlamentares, Alcolumbre chega a arrazoar o óbvio de que o povo vive nos municípios, nos quais as emendas parlamentares têm que chegar, por via dos deputados, para que sejam atendidas as demandas paroquiais. Como se fora desse esquema as demandas não fossem atendidas.

      Levando essa tese e essa prática clientelista às instâncias estaduais e municipais, teremos que concluir, forçosamente, que os deputados federais atropelam os deputados estaduais e os vereadores, pois também têm a prerrogativa de emendas parlamentares.

      Não há dúvida de que esse esquema é o fortalecimento do clientelismo e fisiologismo por parte dos parlamentares.

      Mais orçamento, mais poder. Dinheiro compra poder. Quanto maior for o orçamento das emendas parlamentares, maior a força do Legislativo, levando a um desequilíbrio entre os dois poderes e dando asa ao projeto golpista do semipresidencialismo, elaborado por parlamentares e ministros do STF.

      Pacificação como troca do clientelismo e o semipresidencialismo, é a política paroquiana, é o retrocesso às práticas da política da república velha.

      Colocar freio nas prerrogativas do STF não vai contar com Lula. E Flávio Dino entendeu o sinal, e já sinalizou em contrário, mantendo a exigência da transparência.

      O ministro Flávio Dino determinou nesta segunda-feira (3), reafirmando a decisão do STF, o bloqueio de recursos de emendas parlamentares destinados às ONGs Associação Moria e Programando o Futuro por não terem apresentado seus relatórios sobre o uso dos recursos.

      O que é paradoxal é que enquanto Motta já quer agendar o projeto de anistia aos golpistas, o PGR, Paulo Gonet, está aguardando - não se sabe o que, talvez seja o carnaval passar - para denunciar o Bolsonaro como criminoso de diversos delitos.

      A extrema direita já está montando a estratégia eleitoral para manter a maioria no Congresso, e as emendas são fundamentais para a implementação desse plano.

      O preocupante nessas últimas pesquisas é a quantidade de preferência que a direita e a extrema direita têm.

      A esquerda só tem o Lula.

      A esquerda tem que aprender a valorizar o pleito proporcional, lançando os melhores quadros na disputa. Os partidos progressistas deveriam sentar-se à mesa para elaborar em detalhes um plano pragmático, pois, se o próximo Congresso for conservador, reacionário e com viés neonazifascista, a estratégia contrarrevolucionária ao Estado democrático de direito irá fechar o cerco e se apoderar do poder.

      Estão divulgando uma assertiva falsa, qual seja, a de que o Lula perderia se a eleição fosse hoje. As pesquisas do dia 3 mostram o contrário: Lula vence em todos os cenários. Então, é mais uma tática para criar o temor de uma derrota e enfraquecê-lo desde já e fortalecer a extrema direita.

      Altos e baixos são normais quando se está num governo sem identidade bem definida, mas as perspectivas são favoráveis.

      Não subestimemos a força dos 22%, na média, dos que seguem o Partido dos Trabalhadores e votam pela esquerda nas eleições presidenciais. É uma força multiplicadora quando motivada.

      Este ano de 2025 é o ano de separar o joio do trigo. Os bolsonaristas devem sair do governo e os acordos com o Centrão devem também separar os neonazifascistas.

      Em 2025 é preparar o terreno para vencer em 2026!

      Francisco Celso Calmon

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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