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    Washington Araújo

    Jornalista, escritor e professor. Mestre em Cinema e psicanalista. Pesquisador de IA e redes sociais. Apresenta o podcast 1844, Spotify.

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    O Oscar da treta gigantesca

    A dificuldade de se aderir à não-violência é saber se controlar quando o calo aperta na gente. Até então, as coisas não saem das bonitas palavras

    Chris Rock e Will Smith (Foto: Brian Snyder/Reuters)

    A violência, nesses tempos malucos, chegou de vez à cerimônia do Oscar.

    Um dos apresentadores, o quase sempre ácido Chris Rock se excedeu ao semear aquele seu “humor” virulento e, poderia se esperar algum troco, algum dia. Terminou sendo nessa noite hollywoodiana do Iscar 2022 — colheu um tapa vigoroso de um Will Smith, digamos, descontrolado.

    Depois Will que recebeu sua 1a. estatueta como Melhor Ator, o ator fez longo discurso, passou pano a seu ato de violência explícita e não se desculpou nem nada.

    “Tudo faço pra proteger minha família… proteger meu povo… cansei de receber abusos gratuitos!”

    Will caiu em meu conceito e o Chris Rock já não estava bem em meu conceito. Também não se sabe a história toda: os dois vêm de tretas antigas, mal resolvidas.

    Espero que a Academia de Hollywood não convide esses dois por umas três futuras cerimônias ou mais.

    Se optar por não agir assim, sugiro que coloque uma boa grade separando palco de plateia, pois os ânimos poderão se exaltar!! 

    Convenhamos: apresentadores do Oscar ao longo dos anos competem oara ver quem diz a baboseira mais infame, o comentário mais infeliz e tudo de fibra descontraída como se fosse humor de casa onde se consome Doriana, aquela antiga marca de margarina das famílias felizes.

    Outros pontos para reflexão imediata:

    1. O Brasil foi um dos países que mais apoiou a atitude do Will. Enquanto a maioria da mídia internacional criticou a atitude dele.

    2. Will Smith: “Denzel [Washington] me disse há alguns minutos. ‘Em seu momento de maior grandeza, tome cuidado. É nessa hora que o Diabo irá te procurar'”.

    3. A dificuldade de se aderir à não-violência é saber se controlar quando o calo aperta na gente. Até então, as coisas não saem das bonitas palavras, das platitudes. A treta de gala ontem mostrou que o ensinamento de 2.000 anos atrás do “oferecer a outra face” ao agressor está muito longeeee de ser real, factível. Espero não ter que sair no braço com quem desfira ataques verbais as mulheres de meu círculo íntimo — mãe, esposa, filhas. É difícil? É. Precisa ter sangue de barata, que aliás nem sangue tem? Precisa.

    4. Mas para mudar o mundo uma das primeiras coisas a ser mudada é a milenar lei do Talíao — aquela do olho por olho. Não se muda nada se continuamos mantendo a ferro e a fogo nossos velhos padrões de comportamento. Sem sairmos da zona de conforto lutamos para que tudo continue como sempre foi. Como enxugar gelo — tarefa inglória e inócua.

    Segue o baile da impulsiva insensatez.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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