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    Esmael Morais

    Jornalista e blogueiro paranaense, Esmael Morais é responsável pelo Blog do Esmael, um dos sites políticos mais acessados do seu estado

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    Pablo Marçal coloca em xeque a hegemonia de Bolsonaro na direita: um novo líder à vista?

    "Em 2026, talvez não falemos mais do 'bolsonarismo', mas sim do 'marçalismo' como a nova força de direita dominante na política nacional", diz Esmael Morais

    Pablo Marçal (Foto: Reprodução/YouTube/Band Jornalismo)

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    (Publicado originalmente no Blog do Esmael)

    O coach Pablo Marçal vem se destacando nos últimos meses como um dos personagens mais influentes na direita brasileira, desafiando diretamente a liderança do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Marçal, que antes era conhecido apenas como coach e influenciador digital, agora ganha notoriedade como candidato do PRTB e ameaça seriamente o projeto bolsonarista nas eleições de 2026. Esse fenômeno não é isolado e já provoca reflexos nas eleições de 2024, especialmente na disputa pela prefeitura de São Paulo, onde Marçal pode prejudicar as chances de reeleição de Ricardo Nunes (MDB).

    Marçal tem adotado uma estratégia que espelha muitas das táticas que levaram Bolsonaro ao poder em 2018. Ele explora o sentimento anticomunista, antipetista e antilulista com a mesma intensidade que o ex-presidente, mas com um diferencial: a habilidade de se conectar profundamente com um público que já se sentia representado por Bolsonaro. As recentes fotos e interações entre Bolsonaro e Marçal, longe de fortalecerem a imagem do ex-presidente, acabaram por destacar a capacidade do coach em captar a narrativa bolsonarista e fazer dela sua própria bandeira.

    Esse movimento estratégico, onde Bolsonaro, aparentemente, buscava cooptar Marçal como aliado, acabou se voltando contra ele. Ao tentar “domar a cobra”, o ex-presidente viu-se envolvido por uma narrativa que, aos poucos, vai capturando a base mais radical da direita.

    A mais recente pesquisa Datafolha aponta um crescimento expressivo de Marçal entre os eleitores bolsonaristas, especialmente entre os evangélicos, brancos e pardos. No geral, Marçal aparece com 21% das intenções de voto, tecnicamente empatado com Guilherme Boulos (PSOL), que lidera com 23%, e Ricardo Nunes, com 19%.

    Este avanço é particularmente relevante entre os que se identificam como bolsonaristas. Marçal, que em agosto tinha 25% das intenções de voto nesse grupo, agora possui 46%, ultrapassando Nunes, que caiu de 37% para 26%. Esse dado revela que Marçal não apenas capturou parte significativa do eleitorado de Bolsonaro, como também ameaça o projeto político do atual prefeito de São Paulo.

    As implicações dessa mudança no cenário político são profundas. Ricardo Nunes, que conta com o apoio formal de Bolsonaro e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), vê sua posição fragilizada com o avanço de Marçal. Entre os eleitores de Tarcísio, Marçal saltou de 25% para 41% nas intenções de voto, enquanto Nunes caiu de 42% para 28%. Esse movimento pode ser decisivo para a eleição municipal de São Paulo, já que o apoio de Bolsonaro, antes considerado um trunfo, agora parece ser dividido com o candidato do PRTB.

    Além disso, Marçal também cresceu entre os adultos de 35 a 59 anos e entre aqueles com renda familiar de dois a cinco salários mínimos. Esse público, que tradicionalmente tem maior peso nas urnas, pode ser o fator decisivo para que Marçal continue avançando na disputa pela liderança da direita.

    Entretanto, diz a Paraná Pesquisas, há luz no fim do túnel bolsonarista. De acordo com o instituto, que diverge do Datafolha, em São Paulo o líder na corrida pela prefeitura é o atual prefeito Ricardo Nunes, com 24,1% das intenções de voto, seguido do deputado Guilheme Boulos, com 21,9%, e do coach Pablo Marçal, com 17,9%.

    Para Bolsonaro, a ascensão de Marçal representa um desafio existencial. O ex-presidente sempre contou com um eleitorado fiel, mas a perda desse apoio para Marçal sugere que o bolsonarismo, como movimento, pode estar passando por um processo de fragmentação. Se Marçal conseguir consolidar essa base em 2024 e 2026, ele não só enfraquecerá Bolsonaro, mas também redefinirá a liderança da direita no Brasil.

    O risco para Bolsonaro é evidente: com Marçal ganhando força entre seus próprios apoiadores, a narrativa bolsonarista pode se diluir, perdendo o impacto que teve em eleições anteriores. O que antes parecia ser uma aliança estratégica entre Bolsonaro e Marçal, agora se revela como uma competição direta pela liderança do espectro político de direita.

    Portanto, Pablo Marçal está rapidamente se tornando um nome incontornável no cenário político brasileiro. Seu crescimento nas pesquisas em São Paulo, especialmente entre os eleitores que antes eram fiéis a Bolsonaro, indica que ele pode ser o responsável por uma reconfiguração completa na direita brasileira. Enquanto Bolsonaro tenta manter sua influência, Marçal se posiciona como o novo porta-voz dos valores conservadores, utilizando as mesmas ferramentas que fizeram do ex-presidente um fenômeno político.

    Se essa tendência se mantiver, é possível que, em 2026, não estejamos mais falando do “bolsonarismo”, mas sim do “marçalismo” como a nova força de direita dominante na política nacional. E, com isso, o projeto de reeleição de Ricardo Nunes e o futuro de Bolsonaro como líder da direita enfrentam um novo e perigoso rival.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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