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    Michel Zaidan

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    Que rei sou eu

    A cultura de massas na mão de um vendedor é um encontro que produz milhões

    (Foto: Lourival Ribeiro/SBT)

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    A cultura de massas difundida pelos meios de comunicação  e as redes sociais  não se confunde   com a chamada cultura popular.  Ela é  um negócio lucrativo, destinado a banalização de conteúdos culturais, picarescos ou típicos, com o objetivo de vender, acumular e enriquecer. Mesmo quando pasteuriza ou caricaturiza aspectos da cultura popular. Agora, quando se junta a produção desse tipo de cultura com um  mercado, se produz um casamento vantajoso. 

    A cultura de massas na mão de um vendedor é um encontro que produz milhões. Mais ainda quando o negociante tem o costume  de  bajular os poderosos, sobretudo ditadores militares. Construir uma rede de televisão, durante uma ditadura militar, exige muito jogo de cintura ou flexibilidade. E o comerciante tem de sobra. Não importa a difusão da cultura, da educação ou da arte, interessa viabilizar  o negócio.  

    Projeto bem sucedido, na base do toma lá, dá cá. Viabilizar uma rede de televisão às custas do talento de vendedor, fazer dela a vitrine de seus negócios, às custas da ilusão de milhões de espectadores de ganhar fortunas  é um prodígio mas não torna o autor em rei da comunicação ou conhecedor da alma popular. Neste ponto, Chacina é mais representativo, ao explorar os elementos mais grotescos da cultura brasileira.

    O grotesco como categoria estética. Captar esse elemento na alma do povo foi a virtude do velho guerreiro, que não era negociante ou vendedor, era um palhaço eletrônico  que deu certo, embora não tenha ficado rico. Neste ponto é possível distinguir o grotesco da banalização feita pela cultura de massas e seu pseudo conhecimento da alma popular.  

    O vendedor do olho clínico do artista. No Brasil, ser rico e amigo dos poderosos, pode conceder títulos de realeza, mas não dá cultura popular, há um equívoco  nessa identificação. A estética do grotesco  não se confunde com o histrionismo  de auditório, ávido por migalhas distribuídas pelo apresentador. 

    Chacrinha, como ninguém,  conseguiu captar e reproduzir  essa essência cultural, sem bajular ditadores ou transformar a televisão  em balcão ou vitrine de negócios. Palhaço e camelô sáo coisas muito diferentes.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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