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Milton Alves

Jornalista e sociólogo

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Segundo turno em Curitiba: Eduardo Pimentel e Paulo Martins são os candidatos de Bolsonaro

"Dizer que Pimentel é um voto de 'redução de danos' será mais um erro político das forças progressistas. Nem Pimentel, nem Graeml!", defende Milton Alves

Eduardo Pimentel (Foto: Divulgação)

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O resultado eleitoral do primeiro turno, em Curitiba, apontou para o fortalecimento das forças da direita tradicional e da extrema direita. Os dois nomes que estão no segundo turno contam com o apoio do expressivo eleitorado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na capital paranaense. A dobradinha Ratinho e Bolsonaro levou o atual vice-prefeito Eduardo Pimentel e o ex-deputado federal Paulo Martins para o segundo turno, com 33, 51% dos votos.

Surpresa nas urnas e com uma escalada fulminante na última semana da eleição, a jornalista Cristina Graeml (PMB), também bolsonarista e vinculada aos grupos mais “hardcore” do extremismo de direita, e que se apresenta como uma candidata “antissistema”, promete tirar o sono dos atuais ocupantes dos palácios 29 de Março e Iguaçu. Ela obteve 31,17% de votos e conta com a presença do candidato a prefeito do PRTB na capital paulista, Pablo Marçal, em seu palanque no 2° turno.

As movimentações políticas iniciais para o segundo turno sugerem a formação de uma ampla frente em torno do candidato do bloco governista, reunindo os partidos da base de Ratinho Jr e Bolsonaro, o empresariado e os grupos mais poderosos do sistema midiático do Paraná. Tudo indica que o palanque de Pimentel, como em São Paulo, vai juntar o conjunto das direitas e do centrão fisiológico. A fórmula vem sendo testada em diversas capitais do país, uma gestação de aliança para enfrentar uma possível reeleição do presidente Lula em 2026.

O pânico acerca da Cristina Graeml (PMB) é compreensível, mas ela só é mais um braço da extrema direita. É aparentemente o braço mais agressivo, e fundamentalista. Graeml é abanada por Bolsonaro, até para ele negociar melhor com establishment dominante no Paraná. Mas o que conta, de fato, são as relações de poder (as máquinas do governo municipal e estadual), o poder econômico e midiático — representado pelas federações empresariais, as organizações do agronegócio e as empresas de comunicação – todos formam um bloco político e social a favor da aliança Ratinho/Bolsonaro/Pimentel.

A candidata Cristina Graeml é um braço auxiliar do bolsonarismo, é a infantaria, útil para amedrontar a esquerda e os liberais sinceros, mas o núcleo duro que decide para valer, o estado-maior da extrema direita, é pró-Pimentel. Portanto, o provável palanque de Bolsonaro – caso aconteça a anistia articulada no Congresso ou do governador paulista Tarcísio Freitas – nas próximas eleições presidenciais.

Portanto, dizer que Pimentel é um voto de “redução de danos” será mais um erro político das forças progressistas e de esquerda. O alvo principal da nossa ação política no segundo turno deverá ser o de denunciar politicamente a destruição neoliberal do Paraná e de Curitiba por esse grupo político, liderado por Ratinho/Greca — venda da Copel, escola cívicos militares, privatização de escolas, ausência de políticas sociais estruturadas, PM e a Guarda violentas contra pobres e pretos, sistema segurança pública bolsonarizado. E, claro, demarcar no terreno ideológico e cultural com o terraplanismo e o negacionismo da candidata secundária do bolsonarismo.

Nesse caso, votar nulo é a opção política que mais se conecta com os sentimentos mais profundos da população de repulsa e até nojo das classes dominantes, do “andar de cima”, e de suas instituições perversas, incluindo os parlamentos, no qual devemos atuar sempre, mas como um espaço de combate, uma trincheira de lutas.

No primeiro turno, 46% da população já se manifestou de alguma forma contra o sistema e seus candidatos, se ainda somarmos os votos do candidato apoiado pela esquerda (cerca de 19%), a maioria do eleitorado disse NÃO às opções apresentadas. É com toda essa massa da população que a esquerda e os progressistas precisam abrir canais de conexão e diálogo.

Recomendar o voto nulo é preservar as nossas forças para os futuros embates. Nem Pimentel, nem Graeml!

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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