Sul Global amplificará sua voz no G20
Diante de desafios globais sem precedentes, é crucial que os países desenvolvidos ouçam as vozes dos emergentes e fomentem um diálogo e cooperação mais fortes
Por Wu Lei, da China Global Television Network (CGTN) - À medida que a cúpula do G20 se aproxima, as atenções se voltam para a cidade litorânea do Rio de Janeiro, onde líderes mundiais se reunirão de 18 a 19 de novembro. Sob a presidência do Brasil, este evento histórico marcará a estreia da União Africana como membro permanente. Com uma adesão crescente e influência econômica em expansão, o Sul Global está prestes a desempenhar um papel mais influente na cúpula de 2024, moldando o futuro da governança e cooperação globais.
Dados globais demonstram o fortalecimento dos países emergentes. Um relatório recente do FMI revela que, desde 2008, o poder econômico do Sul Global, medido pela paridade de poder de compra, superou o das nações desenvolvidas. No futuro, espera-se que os países em desenvolvimento continuem a superar as economias desenvolvidas, sinalizando uma mudança na ordem econômica mundial.
Os mercados emergentes estão mais confiantes no G20 e, com o aumento de sua influência econômica, vemos as tensões crescendo, especialmente em linhas geopolíticas, disse o economista-chefe da OMC, Ralph Ossa. “Também observamos os primeiros sinais de fragmentação do comércio. Portanto, o que realmente precisamos é de cooperação multinacional,” acrescentou.
Representando mais de 80% da produção econômica global, 60% da área terrestre do mundo e dois terços da população global, o G20 se tornou uma das plataformas mais cruciais para a coordenação da cooperação econômica internacional, desempenhando um papel vital como mecanismo-chave na governança global.
De 2022 a 2024, a cúpula do G20 foi sediada pela Indonésia, Índia e, agora, Brasil. Em 2025, a presidência ficará a cargo da África do Sul. Muitos especialistas argumentam que as sucessivas presidências do G20 realizadas por economias emergentes desempenharam um papel significativo na promoção de uma “agenda do Sul Global” na plataforma global.
Sob a presidência do Brasil, o tema da cúpula do G20 em 2024 é focado na criação de um mundo justo e um planeta sustentável. A cúpula se concentrará em três prioridades principais: combater a desigualdade, promover a inclusão social e enfrentar a fome. Esses temas serão abordados por meio de discussões práticas e esforços colaborativos entre países e organizações.
A luta contra a fome, por exemplo, é uma causa comum entre muitos países em desenvolvimento, que enfrentam desafios semelhantes e buscam fortalecer a cooperação na agricultura, manejo agrícola e gestão rural. Muitos desses países também desejam formar parcerias com a China em iniciativas de erradicação da pobreza. Em 2021, o presidente chinês Xi Jinping anunciou que a China erradicou a pobreza extrema. Desde 2013, a China retirou quase 100 milhões de pessoas em 832 condados empobrecidos da pobreza e, ao longo de mais de 40 anos de reformas e abertura, um total de 770 milhões de residentes rurais superaram a linha da pobreza.
Muitas economias emergentes continuam enfrentando desafios significativos, como desigualdade social, pobreza e infraestrutura subdesenvolvida. Esses países necessitam urgentemente de financiamento ampliado e maior cooperação para enfrentar essas questões.
Países do Sul Global, como Brasil e China, estão defendendo uma voz mais forte em fóruns internacionais. Eles clamam por maior coordenação global e apoio mútuo em áreas essenciais, incluindo desenvolvimento de infraestrutura, assistência financeira e a liberalização e facilitação de comércio e investimentos.
Essas economias emergentes também impulsionam a otimização, reforma e fortalecimento das plataformas de financiamento e cooperação internacionais. Além das tradicionais instituições multilaterais, como o FMI, o Banco Mundial e a OMC, elas apoiam cada vez mais instituições mais novas e especializadas, como o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura e o Novo Banco de Desenvolvimento.
Diante de desafios globais sem precedentes, é crucial que os países desenvolvidos ouçam as vozes do Sul Global, fomentem um diálogo e cooperação mais fortes e compartilhem a responsabilidade na abordagem de questões globais urgentes. Somente por meio de uma ação coletiva será possível superar essas crises e trabalhar em direção a um futuro mais justo e sustentável para todos.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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