Trump e a vitória da ultradireita; Hitler mandou um beijo!
"É um aviso ao Brasil sobre 2026. Quando não se pune aqueles que atentam contra a Democracia, cria uma sensação de que eles são vítimas", avisa Arnóbio Rocha
Há 8 anos Trump era uma surpresa para o mundo, parecia apenas um folclore, uma piada de mau gosto, alguém que entrou no show para fazer um solo e sair, nem mesmo teria chances de conseguir a vaga republicana, ele foi vencendo pelo vácuo e falta de opções, a vitória dos Democratas estava desenhada, melhor perder com qualquer um.
A arrogância da campanha de Hillary Clinton de um já ganhou, subestimando o laranjão foi fatal, faltando um mês para o pleito, com 12% de vantagem, A discussão era a transição de Obama, do primeiro negro eleito, para primeira mulher eleita, Trump abusava da misoginia, do machismo e de valores aparentemente perdidos no imaginário dos EUA.
Entretanto, o mês final, a estratégia certeira do outsider se revelou, priorizou os 5, 7 estados que são pêndulo, ora Democratas, ora Republicanos, Trump concentrou sua campanha neles, dos grandes articulistas apenas Michael Moore alertou da possibilidade de sua vitória, foi taxado como louco, mas ele tinha método. A vitória de Trump no Congresso veio com a derrota na maioria dos votos, uma excrescência da “democracia” dos EUA.
O governo de Trump foi um completo desastre, orientado por Steve Bannon, de que ele seria antissistema, mesmo na Presidência, não era função dele ser Presidente, mas um agitador político, manter um pulso de polêmica diário, alimentar a mídia, principalmente as redes sociais com temas esdrúxulos, a burocracia que se virasse para “governar”, aqui é o ponto fundamental que pouco se analisa, a autonomia da burocracia frente à democracia.
O Estado é gerido por uma burocracia perene, pelas agências, com peso decisivo em todos os temas, a Democracia é rebatizada, o que permite que gente tão díspares como Obama e Trump “governem” sem abalos, ou Clinton e Bush Jr, cheguem aos mesmos resultados. Essas características de máquinas estatais fortes e voltada para o Capital, pouco se produz diferenças e garante uma certa estabilidade, mesmo com um presidente turbulento.
A derrota de 2020, agora coincide votação popular e congresso, pôs um velho falcão na presidência, Biden, o homem do jogo sujo de Obama, o senhor das guerras, fez um governo pós-pandemia, com problemas graves, principalmente o questionamento da derrota de Trump, a sua não punição, ao mesmo tempo uma longa estabilidade de baixo desemprego, mas com inflação e crescimento incerto.
A luta ideológica, a pouca saúde de Biden, a liberdade de Trump em concorrer, desmoraliza a democracia, a troca, por fim, por Kamala Harris, a apagada vice de Biden, apontava para um cenário imprevisível, ideal para um fanfarrão, sem meias medidas, grosso, machão, fascista, se desse bem, aliás é um aviso ao Brasil sobre 2026. Quando não se pune aqueles que atentam contra a Democracia, cria uma sensação de que eles, Trump e Bolsonaro, são vítimas, o que é perfeito numa campanha eleitoral mano a mano.
A vitória de Trump é um aviso de que a Democracia é cada vez mais irrelevante e de que é um estorvo para as novas formas dominação do Capital, baseada em Redes Sociais, algoritmos e IA, o mundo se prepara para um cenário terrível, de discurso anti-humanos, de negação da Urgência Climática, dos Direitos Humanos, da Democracia, mas que será mitigado pela Burocracia, é isso?
Por fim, as questões identitárias sofrem uma dura derrota, é uma constatação dura, as posições mais extremadas não constroem alternativas ao ultraliberalismo, mas é um debate mais longo.
É uma análise, não esperança.
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