Trump tem prazo de validade e encontrou seu maior obstáculo: o povo americano
Sociedade aberta, os Estados Unidos não parecem dispostos a se submeter ao projeto autoritário de Donald Trump e Elon Musk
Donald Trump voltou à Casa Branca com ares de imperador. Desde a posse em janeiro deste ano, deixou claro que não respeitaria qualquer limite institucional. Assumiu o segundo mandato com o objetivo de esmagar resistências, subjugar a imprensa livre, neutralizar adversários políticos e governar por decretos, como se estivesse acima da Constituição. Nesta semana, deu um passo ainda mais ousado em sua escalada autoritária ao deflagrar uma guerra comercial contra o mundo, que fez evaporar trilhões de dólares nos mercados globais e escancarou o grau de imprudência da sua política externa.
Mas neste sábado, 5 de abril, o povo americano respondeu. Em várias cidades do país, protestos gigantescos tomaram as ruas, em uma demonstração contundente de que os Estados Unidos ainda são uma sociedade aberta, democrática e viva. A tentativa de Trump de sufocar o debate público e impor um regime autoritário esbarra no maior obstáculo que ele poderia encontrar: a mobilização consciente de uma nação que conhece o valor da liberdade.
Trump subestimou os alicerces da democracia norte-americana. Ainda que tenha vencido as eleições, retornou ao poder sem um verdadeiro mandato para destruir as instituições. Sua guerra comercial, baseada em tarifas unilaterais e rompimentos de acordos, é a expressão de uma visão ultrapassada do papel dos Estados Unidos no mundo. Num cenário multipolar e interdependente, tal política só gera retaliação, instabilidade e prejuízos — como ficou evidente nesta semana, quando os mercados reagiram com pânico e os prejuízos econômicos se espalharam globalmente.
Associado a Elon Musk, bilionário que usa suas plataformas digitais para disseminar desinformação e silenciar vozes críticas, Trump promove uma política de “choque e pavor”, tentando governar por meio do medo, da desorientação e da violência simbólica. Mas esse plano começa a falhar. As ruas deste sábado mostram que os americanos não aceitarão calados o desmonte de sua democracia. A sociedade civil, jornalistas, trabalhadores, jovens e movimentos sociais começam a construir uma frente ampla de resistência ao autoritarismo.
O capital também começa a se afastar. Wall Street, que parecia alinhada ao Partido Republicano, se mostra cada vez mais desconfortável com o caos econômico provocado por Trump. A instabilidade criada por sua guerra comercial ameaça cadeias globais de suprimento, investimentos e empregos. A narrativa de que o isolacionismo trará prosperidade é desmentida pelos números e pela realidade.
O império que Trump tenta construir é frágil. Por trás da retórica agressiva e dos decretos unilaterais, está um governo que perde legitimidade a cada dia. Ele pode ter poder formal, mas já começou a ser derrotado moral e politicamente — não por um rival específico, mas pelo povo americano. O mesmo povo que neste sábado foi às ruas para dizer: aqui, a democracia ainda vive.
Trump tem prazo de validade. E ele será abreviado não por um golpe, mas por algo mais poderoso e legítimo — a força de uma sociedade que não se curva diante de imperadores de fancaria.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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