Um olhar brasileiro de Trump no poder: surpresa, tristeza e preocupação
A experiência de Lula será crucial para lidar com o novo cenário global, especialmente com a proximidade de Trump com a extrema direita brasileira
A recente eleição de Donald Trump para mais um mandato à frente dos Estados Unidos traz uma série de preocupações para o cenário global e para o Brasil, em especial. Trump retorna ao poder com a intenção clara de expandir os limites de sua administração e consolidar sua influência, tanto interna quanto externamente. Com o controle do Senado e da Câmara e o respaldo de um Supremo Tribunal conservador, ele possui, agora, poderes excepcionais que tendem a impulsionar sua agenda autoritária e a enfraquecer as estruturas democráticas norte-americanas.
Trump se consolidou como o principal líder da extrema direita mundial, ao lado de figuras como Vladimir Putin e Viktor Orbán. Esse retorno ao poder representa um golpe para o multilateralismo, uma vez que sua política é contrária a alianças internacionais e compromissos globais. O enfraquecimento do multilateralismo já é uma realidade há alguns anos, mas agora tende a se aprofundar. É provável que Trump, com sua politica negacionista, retire os EUA do Acordo de Paris, abandonando compromissos essenciais para o combate às mudanças climáticas, além de questionar e até minar organizações internacionais de saúde, trabalho e comércio.
A possível saída dos EUA da OTAN e o fim da aliança atlântica entre os Estados Unidos e a Europa também representam uma grande ameaça para a estabilidade mundial. Essas mudanças podem criar um ambiente de instabilidade econômica e política, com consequências negativas para o Brasil.
Nosso país, especialmente sob a liderança de Lula, busca ser um ator relevante no cenário internacional, prezando pela democracia, pela igualdade e pela preservação do meio ambiente. Essas bandeiras, no entanto, encontram pouco eco em uma gestão norte-americana “trompista”, que se afasta cada vez mais desses valores.
É importante destacar a postura do presidente Lula, que, mesmo após apoiar publicamente Kamala Harris, demonstrou maturidade e diplomacia ao parabenizar Trump por sua vitória. Essa atitude reflete o compromisso de Lula em manter o Brasil como um país neutro, independente e autônomo, sem se subordinar a qualquer potência internacional. A experiência de Lula será crucial para lidar com o novo cenário global, especialmente com a proximidade de Trump com a extrema direita brasileira, que, de certa forma, atua como uma extensão das forças reacionárias norte-americanas.
A situação do Brasil torna-se ainda mais complexa com as patacoadas de Javier Milei na Argentina, outro líder de extrema direita que, assim como Trump, desafia as instituições democráticas e promove uma agenda radical. Com Trump em Washington e Milei em Buenos Aires, o Brasil está em uma posição delicada, exigindo uma política externa prudente e uma vigilância constante para preservar nossa estabilidade interna.
A recente eleição no Brasil, contudo, trouxe um certo alívio: o centro político foi o grande vencedor, evidenciando uma rejeição crescente à extrema direita. O bolsonarismo golpista, que já demonstrava sinais de desgaste, pode, contudo, tentar se revigorar à sombra do retorno de Trump. Essa ameaça requer uma postura atenta das forças democráticas brasileiras, que devem se manter firmes e vigilantes para proteger o Brasil de influências antidemocráticas.
O retorno de Trump ao poder é um teste para a democracia mundial, e o Brasil, com sua história de luta e seu compromisso com a liberdade, precisa estar preparado para enfrentar os desafios que estão por vir. A experiência e a resiliência de Lula serão fundamentais para nos guiar nesse cenário turbulento, protegendo a nossa soberania e garantindo que continuemos avançando em direção a um país mais justo e democrático.
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