Uso terrorista do terror
"O uso terrorista do terror precisa ser imprevisível, barulhento e grandioso para cumprir seu objetivo marqueteiro de alcançar a todos"
O USO TERRORISTA DO TERROR é uma propaganda para se mostrar mais forte do que se é, angariar adeptos, criar uma aparente unidade de propósitos e disseminar ameaças difusas e latentes para agravar o temor coletivo e mobilizar pânicos morais que tragam vantagens políticas.
Faz uso do terror quem não tem como vencer o Estado pela guerra por não dispor de exército e/ou de meios políticos-logísticos para dar e sustentar um golpe. Faz-se uso do terror quem não tem bases políticas e materiais regulares para bancar uma guerrilha que dispute poder e desgaste governos. Para fazer uso do terror não precisa muita gente, muita inteligência, muita organização e nem mesmo de uma causa qualquer ou de uma ideologia. Basta vontade, disposição, meios, oportunidade e estímulos (internos e externos).
O uso terrorista do terror não tem como vencer como resultado de seu "sucesso", nem perder como resultado de seu fracasso. O uso terrorista do terror não tem oponentes. Tem alvos (pessoas e instituições) de elevado valor simbólico. Tem público e platéia porque é um espetáculo "inesperado" de grande visibilidade e repercussão para produzir o seu principal efeito: a disseminação do medo que sabota a coesão, a solidariedade e a cooperação sociais, favorecendo a cristalização de pensamentos e ação autoritários supostamente contra o terror.
O uso terrorista do terror precisa ser imprevisível, barulhento e grandioso para cumprir seu objetivo marqueteiro de alcançar a todos. A resposta ao uso terrorista do terror é sempre mais democracia, mais devido processo legal que reafirma a superioridade em fins, meios e modos do Estado de direito. E, com isso, a previsibilidade, a regularidade, a transparência de suas práticas contra as surpresas macabras e, ainda, contra os oportunistas de primeira hora que exploram o medo coletivo e legitimam de suas práticas de exceção.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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