Vilania trumpista x dignidade lulista e ‘la doctora’
Serão necessários muitos líderes da estirpe de Lula e Claudia Sheinbaum para enfrentar o império agonizante
A habilidade da presidente do México, Claudia Sheinbaum (conhecida como ‘la Doctora’), evidenciada por sua capacidade de negociar temas difíceis com líderes como Donald Trump, ganhou destaque na última semana. Seu estilo inteligente e diplomático de lidar com ameaças tarifárias impostas pelos Estados Unidos foi amplamente analisado por especialistas em relações internacionais. Sheinbaum está se tornando referência para governantes não apenas de países emergentes, mas também de nações que, ao longo do tempo, cederam aos interesses imperialistas estadunidenses, como a Alemanha, cujo PIB em baixa contrasta com sua antiga liderança econômica na Europa.
Claudia foi a oitava mulher eleita presidente em países latino-americanos e a primeira no México. Mas como se configurou sua trajetória progressista? Nascida em uma família de tradição esquerdista, sua formação acadêmica e política consolidou um pensamento voltado à justiça social e à redução das desigualdades. Seu compromisso com a transformação social e econômica do México reflete um desejo de enfrentar a miséria e a fome, desafios históricos do país, frequentemente tratado como um apêndice explorável pelos Estados Unidos.
Formada em Física pela Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), onde também obteve mestrado em Engenharia de Energia e doutorado em Engenharia Ambiental, Sheinbaum iniciou sua militância em questões sociais e ambientais no ambiente acadêmico. Em 2000, foi convidada por Andrés Manuel López Obrador para atuar como secretária do Meio Ambiente da Cidade do México. Ao ingressar no partido Movimento de Regeneração Nacional (MORENA), intensificou sua atuação política. Em 2018, elegeu-se chefe de governo da Cidade do México, implementando políticas públicas ambientais, de segurança e inclusão social. Em 2024, sucedeu López Obrador, com a missão de aprimorar as políticas sociais e de desenvolvimento sustentável do país.
No primeiro embate com Trump, a presidente mexicana respondeu com serenidade, discernimento e estratégia, garantindo uma trégua tarifária de 30 dias e tempo para futuras negociações. Enquanto Trump proclamava uma vitória diplomática, analistas internacionais reconheceram a perspicácia da presidente mexicana, que reforçou a fronteira norte com a Guarda Nacional para minimizar o tráfico de drogas e, em contrapartida, obteve do governo Trump a promessa de restringir o tráfico de armas potentes para o México. O saldo final favoreceu o México.
A estratégia tarifária de Trump já mostrou falhas em outros contextos. No Canadá, por exemplo, após suas ameaças, houve boicote a produtos americanos e uma retaliação tarifária de 25%, obrigando um recuo estratégico. Com a China, a imposição de tarifas de 10% sobre produtos chineses provocou resposta imediata. As consequências para a indústria estadunidense podem ser severas, já que grande parte dos bens intermediários essenciais para a produção americana vêm da China. O próprio boné de campanha de Trump, com o slogan “Make America Great Again”, é produzido na China.
O presidente chinês, Xi Jinping, reagiu alegando que a taxação de Trump “viola seriamente as regras da Organização Mundial do Comércio”. O pesquisador Ding Yifang, do Instituto Taihe, afirmou que “se as tarifas aumentarem os custos de produção, a competitividade das empresas estadunidenses será prejudicada tanto no mercado doméstico quanto no internacional”. (Brasil de Fato, Xangai, 16/12/24). O estilo predador de Trump pode acabar gerando mais ônus do que benefícios para os próprios Estados Unidos.
Além das investidas comerciais, Trump tem se envolvido em polêmicas geopolíticas ainda mais graves. Sua retórica imperialista, especialmente em relação à Palestina, gerou reações globais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou duramente suas declarações: “Eu respeito a eleição do presidente Trump, eleito pelo povo americano para governar os Estados Unidos. Não foi eleito para mandar no mundo” [...] “Não é possível dizer que vai ocupar a Palestina e construir uma Riviera. Ninguém vai fazer um lugar bonito em cima dos cadáveres de milhares de mulheres e crianças” [...] “Tem um tipo de político que vive de bravata. O presidente Trump fez a campanha dele assim”. (Brasil 247).
A tentativa de Trump de transformar Gaza em um novo paraíso turístico sobre os escombros da guerra é um ultraje que não pode ser ignorado. A comunidade internacional precisa reagir com veemência a essa nova afronta à dignidade humana.
Diante desse cenário, a liderança de governantes como Lula e Claudia Sheinbaum torna-se essencial para enfrentar as insanidades do império decadente. Somente com resistência e unidade será possível frear a tirania trumpista e suas consequências nefastas para o mundo.
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