“A demanda global por créditos de carbono vai crescer exponencialmente", diz Roberto Azevêdo
Presidente global de operações da Ambipar e ex-diretor-geral da OMC, ele destacou o potencial do Brasil neste mercado
247 – Durante a LIDE Brasil Conferência Lisboa, o embaixador Roberto Azevêdo, atual presidente global de operações da Ambipar e ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), trouxe uma análise pragmática sobre a sustentabilidade e o mercado de créditos de carbono. Em sua apresentação, Azevêdo afirmou: “A demanda global por créditos de carbono vai crescer exponencialmente”, destacando que o Brasil tem potencial para se destacar nesse cenário graças às suas vantagens naturais e infraestrutura energética limpa.
Azevêdo iniciou sua fala ressaltando que a transição para a economia verde e circular não é mais uma opção, mas uma necessidade. “A sustentabilidade não é uma narrativa inescapável sem fundamento; é uma realidade concreta que já molda políticas e práticas empresariais”, disse. Ele recordou que já em 2011, quando ainda atuava como embaixador na OMC, ajustes de carbono na fronteira eram debatidos, embora na época muitos achassem a ideia inviável. “Eu disse para todos: isso vai acontecer. É uma questão de tempo. E aconteceu”, afirmou, referindo-se à adoção de políticas que taxam as emissões de carbono para equalizar custos entre países.
Desafios e Perspectivas do Mercado de Carbono
Com experiência em grandes corporações como a Pepsico, Azevêdo relatou como empresas se adaptam às novas exigências de sustentabilidade. Ele explicou que metas de emissão zero muitas vezes dependem de créditos de carbono, seja internamente (inset) ou fora da cadeia produtiva (offset). “Zerar emissões sem mecanismos de compensação é praticamente impossível para a maioria das empresas e setores econômicos”, observou.
Azevêdo destacou o papel do Brasil nesse cenário global, ressaltando a matriz elétrica limpa do país, que pode alcançar até 90% de energia renovável dependendo das condições climáticas. “Essa é uma aspiração que muitos países desenvolvidos ainda terão por muitos anos. Nós já estamos lá”, disse ele. Além disso, mencionou a importância dos biocombustíveis e das extensas áreas verdes do Brasil. No entanto, alertou: “Esses recursos só têm valor financeiro se fizerem parte de programas monitorados e aprovados. Uma árvore em pé, sem registro em um projeto de carbono, não tem valor econômico”.
Azevêdo destacou a importância da aprovação da lei que regulamenta o mercado de carbono no Brasil, chamando-a de “um passo enorme na direção certa”. Ele mencionou ainda o recente memorando de entendimento assinado entre a Ambipar e o Estado do Pará para a comercialização de créditos de carbono, reforçando a necessidade de projetos que garantam qualidade, rastreabilidade e credibilidade.
Entre as inovações da Ambipar, ele apresentou o Ambify, uma criptomoeda verde desenvolvida para democratizar a compra e venda de créditos de carbono. “O Ambify permite que qualquer pessoa ou empresa compense suas emissões, mesmo em eventos menores. É uma ferramenta transparente, com dados em blockchain que garantem a confiabilidade e evitam a dupla contagem”, explicou. Azevêdo frisou que essa tecnologia aproxima o cidadão comum do combate às mudanças climáticas e incentiva um futuro mais sustentável.
Encerrando sua fala, Azevêdo ponderou sobre os ciclos políticos e suas influências nas agendas ambientais, mas expressou confiança no futuro da sustentabilidade. “Pode haver ruído, momentos de turbulência, mas a agenda de sustentabilidade não tem volta. O setor privado e o cidadão já a abraçaram, e isso é irreversível”, concluiu. Assista:
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