“A economia circular será inevitável no futuro para todos os países", diz Margareth Quina
Professora da Universidade de Coimbra apresentou a importância da economia circular e os desafios para sua implementação
247 – Na tarde de discussões do LIDE Brasil Conferência Lisboa, Margareth Quina, professora da Universidade de Coimbra e especialista em sustentabilidade, destacou que a economia circular é uma abordagem essencial para o futuro de todas as nações. "A sustentabilidade não é meio ambiente: ela remete a um desafio”, afirmou Quina, enfatizando a complexidade de integrar práticas sustentáveis ao modelo econômico vigente. A apresentação ocorreu após uma manhã dedicada a temas como inteligência artificial e finanças digitais, e trouxe à tona novas perspectivas para as indústrias de Portugal e Brasil.
Em seu discurso, Quina reconheceu a importância de repensar o atual modelo econômico linear, que se baseia em extrair recursos, utilizá-los e descartá-los, para adotar uma abordagem circular que prolongue o ciclo de vida dos materiais. “Precisamos mudar a forma como fazemos e organizamos nossa economia. A reciclagem faz parte, mas economia circular é muito mais do que isso”, explicou.
Desafios e Estratégias para a Economia Circular
Quina destacou o papel do design de produtos como um dos maiores desafios na transição para a economia circular. “A quantidade de produtos que utilizamos não está desenhada para manter os materiais na cadeia. Este é um dos principais problemas que precisamos resolver”, afirmou. Ela lembrou que a União Europeia, com seu Pacto Ecológico, visa atingir a neutralidade carbônica até 2050, uma meta ambiciosa que demanda a colaboração de todos os setores.
A professora também detalhou como os materiais devem ser abordados de forma diferenciada: os tecnológicos, como computadores e dispositivos eletrônicos, precisam ser mantidos nos ciclos de menor valor possível antes da reciclagem. Já os materiais biológicos, especialmente importantes em agroindústrias, devem ser devolvidos aos solos após o uso para fechar o ciclo do carbono. “A sustentabilidade só existe se não esgotarmos os nossos solos”, alertou.
Sustentabilidade: Um Desafio Econômico e Social
Quina desmistificou a ideia de que sustentabilidade se resume à proteção ambiental. “Sustentabilidade remete-nos a um desafio que é enorme, porque pede para compatibilizar o ambiente com a economia e a sociedade”, disse, ressaltando que avanços sustentáveis precisam ser economicamente viáveis para serem adotados em larga escala. Ela mencionou as barreiras legislativas como um dos entraves ao desenvolvimento de práticas circulares: “A legislação de resíduos ainda é muito proibitiva e empurra soluções para aterros que não deveriam ser uma opção”.
A professora citou o caso de Portugal no tratamento de óleos lubrificantes usados como um exemplo de boas práticas em economia circular. Segundo ela, o país implementou um sistema eficaz de regeneração desse resíduo perigoso, colaborando com empresas para reintroduzir os óleos no ciclo de uso. “Portugal é um exemplo para a Europa e para o mundo nesta área”, afirmou.
Quina encerrou sua participação destacando que, embora a transição para uma economia circular tenha riscos e desafios, como a necessidade de inovação tecnológica e novos modelos de negócios, as perspectivas são promissoras. “No futuro, a economia circular será uma inevitabilidade. O desafio é fazer o caminho e continuar avançando”, concluiu. Assista:
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