Brasil aposta nos Brics para destravar financiamento climático na COP30
País busca apoio do bloco para pressionar nações ricas a cumprirem promessas de recursos financeiros para ações ambientais
247 - O Brasil planeja utilizar sua presidência nos Brics para impulsionar as negociações sobre financiamento climático durante a 30ª Conferência das Partes da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), prevista para novembro de 2025 em Belém (PA). Segundo informações obtidas pela Folha de S. Paulo, a estratégia brasileira visa repetir o modelo adotado no G20, onde avanços significativos foram alcançados nas discussões sobre meio ambiente e sustentabilidade.
O objetivo é evitar que a COP30 enfrente os mesmos impasses das edições anteriores, especialmente no que diz respeito à falta de comprometimento das nações desenvolvidas em mobilizar recursos financeiros para auxiliar países em desenvolvimento. A conferência de 2024, realizada em Baku, Azerbaijão, não conseguiu avançar nas metas de financiamento global, deixando para Belém a missão de viabilizar os US$ 300 bilhões anuais previstos para soluções climáticas.
Nos documentos revisados, o Brasil destaca cinco prioridades para sua liderança nos Brics, com foco no aprimoramento das estruturas de financiamento para combater as mudanças climáticas. A intenção é alinhar-se com os demais membros — China, Rússia, Índia, África do Sul, Egito, Etiópia, Irã, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Indonésia — para chegar à COP30 com propostas concretas e amadurecidas.
Estão previstas mais de 100 reuniões no primeiro semestre, incluindo o encontro do Grupo de Trabalho de Meio Ambiente em abril, que discutirá temas como desertificação, degradação do solo, seca, poluição plástica e preservação de ecossistemas. A presidência brasileira busca firmar uma declaração ministerial conjunta sobre esses temas e estabelecer programas com cronogramas para a implementação de políticas ambientais alinhadas à Agenda 2030 da ONU.
Embora as resoluções dos Brics não tenham caráter vinculante na UNFCCC - subdivisão climática da ONU, composta por 196 países -, diplomatas veem o grupo como um espaço propício para discussões abertas e construtivas. "Podemos gerar conhecimento, explorar alternativas, testar caminhos, sem as várias preocupações naturais com relação a documentos vinculantes", explicou o embaixador André Correa do Lago, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty.
A estratégia também busca envolver atores financeiros, como bancos centrais e de desenvolvimento, para discutir soluções como linhas de crédito para projetos ambientais e taxação de cadeias produtivas poluentes. Assim, o Brasil espera chegar à COP30 com propostas robustas para pressionar os países ricos a cumprirem seus compromissos de financiamento climático.
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