A cada 17 horas, uma mulher é vítima de feminicídio no Brasil, aponta Rede de Observatórios da Segurança

247 - Uma mulher é vítima de feminicídio a cada 17 horas no Brasil, segundo dados da Rede de Observatórios da Segurança. O estudo, que monitorou nove estados — Amazonas, Maranhão, Bahia, Ceará, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo —, registrou 4.181 casos de violência contra mulheres em 2024, um aumento de 12,4% em relação ao ano anterior. Foram 531 feminicídios, sendo que 75,3% dos crimes foram cometidos por pessoas próximas às vítimas, principalmente parceiros ou ex-parceiros (70%). Apenas Bahia e Pernambuco apresentaram redução nos índices, possivelmente devido ao trabalho de conscientização de movimentos feministas ou à subnotificação de casos, destaca o jornal O Globo.

A pesquisa destacou que a violência de gênero segue alarmante, apesar dos avanços legais, como a Lei Maria da Penha e a tipificação do feminicídio. Edna Jatobá, coordenadora do Observatório de Pernambuco, ressaltou que os mecanismos de proteção precisam ser fortalecidos: — Esses mecanismos deveriam estar mais consolidados e dotados de melhores condições de funcionamento — afirmou. O Amazonas, monitorado pela primeira vez, registrou 604 casos de violência, com 84,2% das vítimas de violência sexual sendo menores de 17 anos. O estado também contabilizou dois transfeminicídios.

Bahia e Pernambuco foram os únicos estados com redução nos índices. A Bahia teve queda de 30,2%, com 257 casos, enquanto Pernambuco reduziu 2,2%, registrando 312 ocorrências. Por outro lado, Ceará e Maranhão tiveram aumentos preocupantes: o Ceará atingiu o pior índice em sete anos, com 207 casos, e o Maranhão registrou crescimento de quase 90%, com 365 eventos violentos. Pará e Piauí também apresentaram altos índices de agressões, com destaque para o uso de armas de fogo e facas no Pará.

São Paulo e Rio de Janeiro lideram os números absolutos. São Paulo registrou 1.177 casos de violência, um aumento de 12,4%, com 144 feminicídios. Já o Rio de Janeiro teve 633 ocorrências, com 63 feminicídios e 261 tentativas. Os dados reforçam a necessidade de políticas públicas mais eficazes e maior transparência na coleta de informações para combater a violência de gênero no país.