Amorim faz alerta sobre intentona golpista na Bolívia: 'essa tentativa falhou, mas podem ocorrer outras'
"A Bolívia é um país que tem sido fracionado entre as forças populares. Tem que tomar muito cuidado", avaliou o ex-chanceler e assessor de Lula
247 - Um dia após a tentativa fracassada de golpe de Estado na Bolívia, o assessor especial para assuntos internacionais do Palácio do Planalto, o ex-chanceler Celso Amorim, enfatizou a necessidade de união das forças progressistas no país vizinho e fez um alerta: “a Bolívia é um país que tem sido fracionado entre as forças populares. Tem que tomar muito cuidado. Essa tentativa falhou, mas podem ocorrer outras”, disse o diplomata ao jornal O Globo.
Nesta quarta-feira (26), o general Juan José Zúñiga liderou um golpe militar fracassado contra o governo do presidente Luis Arce. O golpe foi rapidamente sufocado e Zúñiga preso. Amorim acredita que a unidade entre as forças progressistas é crucial para evitar novas ameaças à democracia.
“A expectativa é que possa haver uma união ou entendimento entre as forças progressistas”, afirmou o diplomata, destacando que a resistência ao golpe foi possível não apenas pela pressão democrática, mas também pela lealdade da maioria das Forças Armadas.
Celso Amorim destacou ainda a importância das relações entre Brasil e Bolívia, mencionando as compras de gás natural e a iminente adesão plena da Bolívia ao Mercosul. No entanto, ele fez uma ressalva: “tudo isso só funciona na democracia".
Amorim também alertou sobre a ameaça à democracia em toda a América do Sul, impulsionada pelo crescimento da extrema direita e por interesses econômicos, particularmente devido às reservas de lítio na Bolívia.
Na tarde de quarta-feira, enquanto o golpe ainda se desenrolava, Amorim se reuniu com Lula e o chanceler Mauro Vieira para discutir a situação e a possibilidade de rompimento das relações com a Bolívia caso o golpe se consolidasse.
Em resposta à crise, o presidente Lula telefonou para a presidente de Honduras, Xiomara Castro, propondo uma reunião extraordinária da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). A reunião, marcada para esta quinta-feira (27), visa emitir uma declaração conjunta dos países da região condenando a tentativa de ruptura democrática na Bolívia.
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