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Appio explica por que ligou para sócio de Sergio Moro e diz que telefonema não foi para "intimidar"

A ligação motivou um processo administrativo disciplinar contra o juiz federal, que resultou em sua saída da 13ª Vara de Curitiba

Eduardo Appio (Foto: Divulgação/JF-PR)

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247 – O juiz federal Eduardo Appio admitiu pela primeira vez ter feito uma ligação para o advogado João Eduardo Barreto Malucelli, sócio do ex-juiz suspeito e hoje senador, Sergio Moro (União Brasil-PR).

A ligação motivou um processo administrativo disciplinar contra Appio, que resultou em sua saída da 13ª Vara de Curitiba, conhecida pela atuação nos casos da Lava Jato, e na transferência dele para a 18ª Vara Federal de Curitiba, voltada para temas previdenciários. 

Em entrevista ao programa "Dando a Real", da TV Brasil, na terça-feira (24), Appio explicou que a ligação foi uma tentativa de confirmar o vínculo familiar entre João Eduardo e o juiz federal Marcelo Malucelli, que atuava em casos da Lava Jato no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).

"Não é comum que o juiz tenha que fazer este tipo de investigação. Era uma checagem de informação", disse Appio. "Minha obrigação como juiz é combater a corrupção, mesmo que envolva um colega e mesmo que seja um superior do TRF-4", afirmou. Em declaração, ele ainda disse que fez a ligação porque não havia "ninguém em quem confiar" para obter a informação.

Durante o telefonema, fingiu ser outra pessoa para verificar se estava de fato falando com o filho de Malucelli. A ligação foi gravada por João Eduardo e interpretada como uma ameaça.

"[A ligação] era para entender se [João Eduardo] era filho ou sobrinho [de Marcelo Malucelli]. Se fosse sobrinho, não haveria qualquer problema. Sendo filho, problemas graves e indícios de corrupção. Porque Malucelli estava jurisdicionando os processos que afetavam diretamente o interesse do Sergio Moro. Tacla Duran sempre foi o arqui-inimigo do Moro. Então como que poderia jurisdicionar e, ao mesmo tempo, o filho ser sócio do Moro?", afirmou ele.

Appio também disse na entrevista que, naquele contexto, a ligação foi a única alternativa possível. "Dentro do ambiente de trabalho, não poderia ser pior. Todos os servidores totalmente hostis desde o primeiro momento. Sempre cochichando atrás dos ombros, e informações importantes talvez sendo passadas para a frente inimiga".

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