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    Braga Netto foi ao Alvorada em 44 dos últimos 60 dias do governo Bolsonaro

    General foi preso pela PF por articular um golpe de estado em favor de Jair Bolsonaro e contra o presidente Lula

    Braga Netto e a Polícia Federal (Foto: Alan Santos/PR | Tânia Rêgo/Agência Brasil)
    Redação Brasil 247 avatar
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    247 – Nos dois meses finais do governo Jair Bolsonaro (PL), o então ex-ministro da Defesa e general da reserva Walter Braga Netto esteve no Palácio da Alvorada em 44 dos 60 dias entre 31 de outubro e 30 de dezembro de 2022. Nesse período, ele realizou 55 visitas ao local, número que ultrapassa até mesmo o do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente, com 53 idas registradas. A informação foi divulgada originalmente pelo jornal O Globo, e posteriormente utilizada pela Polícia Federal (PF) como evidência na investigação em curso.

    Braga Netto, que chefiou a Casa Civil e chegou a ser candidato a vice de Bolsonaro em 2022, foi preso no último sábado sob suspeita de tentar obstruir as investigações da PF. De acordo com a delação premiada de Mauro Cid, o general teria inclusive entregue dinheiro para financiar as supostas operações do grupo criminoso com vistas a um golpe de estado. A defesa de Braga Netto nega as acusações e afirma que provará não ter havido qualquer ação para dificultar as apurações.

    A movimentação de Braga Netto no Alvorada, residência oficial da Presidência da República, sugere intensa atividade nos bastidores após a derrota de Bolsonaro no segundo turno. As visitas variaram em duração: algumas foram breves, de menos de uma hora, enquanto outras chegaram a durar mais de onze horas. Em 4 de novembro, por exemplo, o general permaneceu 11 horas e 24 minutos no local. Já no dia 22 do mesmo mês, quando o Partido Liberal (PL) apresentou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um pedido para anular votos de aproximadamente 60% das urnas utilizadas no segundo turno, Braga Netto passou pouco mais de dez horas no palácio, entre 9h06 e 19h14.

    Além de tais permanências prolongadas, há registros de declarações do general a apoiadores de Bolsonaro. Em 18 de novembro, após passar mais de oito horas no Alvorada, ele foi gravado dizendo: “Vocês não percam a fé. É só o que eu posso falar para vocês agora”. Nesse contexto, a investigação também aponta que a presença do general no palácio coincidiu com ao menos três reuniões com os comandantes das Forças Armadas — em 1º, 14 e 22 de novembro. Segundo a PF, foram nesses encontros que Bolsonaro teria apresentado aos chefes militares uma proposta para reverter o resultado eleitoral que levou Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência.

    O último registro de entrada de Braga Netto no Alvorada aconteceu em 26 de dezembro, quando permaneceu quase onze horas, entre 8h46 e 19h25. No dia seguinte, ele ainda demonstrava confiança em seguir no governo, ao escrever para um assessor de Bolsonaro: “Se continuarmos poderia enviar para a Sec Geral (Secretaria-Geral)”.

    Com a prisão do general e a análise detalhada do material coletado, a Polícia Federal busca esclarecer os reais objetivos dessas articulações, bem como o papel desempenhado por Braga Netto e outros aliados de Bolsonaro na suposta intenção de minar o resultado eleitoral e a posse do presidente Lula.

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