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    Delator do PCC acusou policiais e revelou esquema de R$ 15 milhões em troca de perdão judicial

    Delator, morto a tiros no Aeroporto de Guarulhos, detalhou crimes de corrupção e lavagem de dinheiro

    Antônio Vinícius Lopes Gritzbach (Foto: Reprodução )

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    247 - O delator Vinícius Gritzbach, de 38 anos, foi assassinado a tiros no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na última sexta-feira (8), após desembarcar de uma viagem a Maceió. Gritzbach, que havia firmado um acordo de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo (MPSP), revelou esquemas de corrupção envolvendo policiais de quatro delegacias da Polícia Civil, além de fornecer detalhes sobre um complexo sistema de lavagem de dinheiro para o Primeiro Comando da Capital (PCC). A informação foi revelada pelo Metrópoles.

    O acordo de delação, celebrado em março e homologado pelo juiz Leonardo Valente Barreiros, da 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro da capital, previa que Gritzbach pagasse R$ 15 milhões como multa em troca do perdão judicial por organização criminosa, redução de pena por lavagem de dinheiro e, em caso de condenação, progressão para regime aberto.

    Detalhes da Delação
    Segundo o documento obtido, o empresário entregou informações valiosas sobre as operações financeiras de Anselmo Santa Fausta, conhecido como “Cara Preta”, e Cláudio Marcos de Almeida, apelidado “Django”, ambos do alto escalão do PCC e já mortos. As revelações de Gritzbach também expuseram “atos de corrupção envolvendo delegados e policiais” do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), 24º DP (Ponte Rasa) e 30º DP (Tatuapé), situados na zona leste de São Paulo.

    Em um dos anexos de sua proposta de colaboração, Gritzbach afirmou ter registros de áudio que comprovariam “ilicitudes e arbitrariedades de Fabio Baena e toda sua equipe, como Rogerinho, Eduardo Monteiro e outros” – todos membros do DHPP à época. Essa equipe foi responsável pela investigação dos assassinatos de Anselmo Santa Fausta e Antônio Corona Neto, o “Sem Sangue”, em 2021. Embora acusado de envolvimento nessas mortes, o empresário sempre negou participação.

    Investigações e Revelações
    A Secretaria de Segurança Pública (SSP), liderada por Guilherme Derrite, compartilhou em outubro trechos da delação de Gritzbach que incluíam acusações contra policiais civis por supostos crimes, sem mencionar nomes. Segundo Derrite, as informações levaram à abertura de um procedimento na Corregedoria da Polícia Civil, que iniciou o processo ouvindo Gritzbach em 31 de outubro, apenas oito dias antes de sua execução. “A primeira atitude da Corregedoria da Polícia Civil foi ouvir o Vinícius para que ele pudesse apontar ali os nomes e quais práticas delituosas e quais desvios de conduta esses policiais civis teriam cometido”, destacou o secretário.

    Execução Brutal e Investigação de Policiais
    O ataque ao empresário ocorreu de forma violenta e premeditada: encapuzados, os criminosos dispararam 29 vezes, atingindo não só Gritzbach, mas também o motorista de aplicativo Celso Araújo Sampaio de Novais. Quatro policiais militares responsáveis pela segurança de Gritzbach foram afastados e são investigados por possível envolvimento no crime. Em depoimento, afirmaram que pararam em um posto de gasolina para lanchar antes do ataque. Quando decidiram se dirigir ao aeroporto, relataram problemas mecânicos em uma das caminhonetes. Apenas um policial conseguiu se aproximar do local do crime, junto com o filho de Gritzbach.

    O advogado Guilherme Flauzino, que representa um dos PMs envolvidos, reforçou o desejo de esclarecer os fatos: “Nós só queremos descobrir a verdade e achar os verdadeiros culpados dessa situação”, afirmou.

    A delação premiada de Gritzbach representa um grande impacto no combate ao crime organizado em São Paulo, mas também levanta suspeitas sobre a atuação de alguns policiais, colocando em xeque a integridade de setores da Polícia Civil.

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