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Governantes tendem a pagar nas urnas o preço pelos desastres 'naturais', aponta estudo

Eleitores de áreas impactadas por desastres ambientais tendem a punir, nas urnas, as autoridades que estão no poder durante as tragédias

Eduardo Leite, governador do RS (à esq.), e Sebastião Melo, prefeito de Porto Alegre (Foto: Itamar Aguiar / Piratini I Divulgação)

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247 - A crescente frequência de eventos climáticos extremos, como as recentes enchentes no Rio Grande do Sul, está moldando não apenas a paisagem física das regiões afetadas, mas também o cenário político. Estudos nacionais e internacionais revelam que eleitores de áreas impactadas por desastres ambientais tendem a punir, nas urnas, as autoridades que estão no poder durante essas tragédias, relata o jornal O Globo. A análise dos dados sugere que a resposta dos governantes a essas crises pode influenciar significativamente os resultados eleitorais.

Segundo o banco de dados do Centro de Pesquisa sobre a Epidemiologia de Desastres (EM-DAT), desde 2000 o Brasil sofreu 158 desastres naturais, incluindo enchentes e epidemias de febre amarela e dengue. Entre esses eventos, as chuvas na Região Serrana do Rio de Janeiro em 2011 foram as mais mortíferas, com mais de 900 vítimas fatais.

Pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV) conduziram um estudo em 2020 para avaliar o impacto desses desastres nas eleições locais, focando no estado do Rio de Janeiro, que concentrava 66% das mortes por desastres hidrológicos entre 2000 e 2014. A pesquisa concluiu que tragédias climáticas tendem a resultar em menor votação para os prefeitos em exercício nas cidades afetadas. André Albuquerque Sant'Anna, economista e professor colaborador da UFF, destaca: "prefeitos são mais punidos naquelas seções eleitorais afetadas pelas tragédias."

Os dados mostram que um episódio de chuva intensa pode reduzir entre 1,8 e 3 pontos percentuais o voto no prefeito atual. Por exemplo, após as devastadoras chuvas de 2011 na Região Serrana, duas das três cidades mais atingidas, Teresópolis e Petrópolis, mudaram o grupo político no comando nas eleições de 2012.

Casos em São Paulo reforçam essa tendência. Em 2004, a então prefeita Marta Suplicy (PT) viu sua aprovação despencar devido às enchentes na capital paulista, com a percepção pública dos alagamentos como maior problema da cidade aumentando significativamente. Consequentemente, ela não conseguiu se reeleger. Em 2016, enchentes na Região Metropolitana de São Paulo, com 30 mortos, também resultaram na mudança de governo nas cidades afetadas. Contudo, nem sempre desastres naturais garantem derrota eleitoral. Em 2020, chuvas na Baixada Santista deixaram 60 mortos, mas apenas São Vicente trocou de administração nas eleições subsequentes.

Especialistas apontam que o impacto eleitoral de desastres não pode ser atribuído exclusivamente ao evento, pois diversos fatores influenciam os resultados. Além disso, a vulnerabilidade prévia dos eleitores desempenha um papel crucial. Comunidades já enfrentando problemas estruturais, como falta de saneamento básico, tendem a punir menos severamente seus governantes após uma tragédia.

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