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    Governo dos EUA monitorou Lula por mais de 50 anos e produziu 3,3 mil páginas de registros

    Informações foram obtidas pelo biógrafo do presidente, Fernando Morais. Maior parte dos documentos foi produzida pela CIA

    Presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto (Foto: Adriano Machado / Reuters)

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    247 - O jornalista e escritor Fernando Morais, biógrafo do presidente Lula (PT), divulgou que diferentes órgãos do governo dos Estados Unidos monitoraram o líder brasileiro ao longo de mais de cinco décadas, resultando na produção de 819 documentos, totalizando 3.300 páginas de registros. As informações, obtidas através de pedidos protocolados em 2019, segundo a Folha de S. Paulo, abrangem o período de 1966 a 2019. A maior parte dos documentos foi produzida pela CIA, que mantém 613 registros, somando 2.000 páginas.

    Os documentos detalham, entre outros aspectos, a relação de Lula com a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), com autoridades do Oriente Médio e da China, além de planos militares brasileiros e a produção da Petrobras. Os registros cobrem desde a ascensão de Lula no movimento sindical durante a ditadura militar até pouco após sua prisão injusta em 2018.

    Apesar do vasto acervo, Morais ainda não teve acesso à íntegra dos documentos e não há informações colhidas no atual mandato de Lula, iniciado em 2023.

    Morais contou com a ajuda do escritório de advocacia Pogust Goodhead para requisitar as informações a todas as agências dos EUA, através da Lei de Acesso à Informação americana (Freedom of Information Act - FOIA). "O presidente ainda estava preso quando consegui procurações para recolher em nome dele todos os registros existentes nas agências. Tem agência que, obviamente, não tinha nada, tipo a que cuida de entrada ilegal de alimento. Mas pedi de todas", explicou Morais.

    Lançado em 2021, o primeiro volume da biografia de Lula, escrito por Morais, deve ganhar um segundo volume, atualmente em produção, que incluirá as novas informações obtidas dos registros americanos.

    Até agora, foram identificados 613 documentos da CIA, 111 do Departamento de Estado, 49 da Agência de Inteligência da Defesa, 27 do Departamento de Defesa, 8 do Exército Sul dos EUA e 1 do Comando Cibernético do Exército. Ainda se aguardam respostas do FBI, NSA e da Rede de Combate a Crimes Financeiros (FinCEN). O prazo para resposta é de 20 dias úteis, prorrogáveis por mais 20, para informar se os dados serão fornecidos.

    "É preciso jogar luz na relação entre os dois maiores países do continente americano. Esse é um direito do nosso cliente Fernando Morais e de todos os brasileiros. Estamos confiantes de que as autoridades norte-americanas atenderão nosso pedido", afirmou Tom Goodhead, sócio-administrador global do Pogust Goodhead.

    Fernando Morais disse estar ciente de que o governo dos EUA pode vetar trechos que considera arriscados para a segurança do Estado. "Sabemos que o governo norte-americano analisou de perto o cenário político brasileiro nas últimas décadas, e o Lula é um dos personagens mais marcantes e importantes da história da América Latina", declarou Morais.

    A expectativa é que os novos dados possam enriquecer a segunda parte da biografia de Lula, ainda sem data de lançamento. "Enrolaram muito, e como pedi uma quantidade grande, se sentiram no direito de atrasar. Tanto que minha ideia era que o material entrasse no volume 1 do livro, mas não mandaram. Entrará no volume 2, então", concluiu Morais.

    O primeiro volume da biografia de Lula já foi traduzido para o chinês, inglês e espanhol, marcando o impacto global da trajetória do líder brasileiro.

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