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    Homicídios no Brasil recuam, mas 62 jovens ainda são assassinados por dia

    Do total de homicídios registrados no ano, 49,2% vitimaram jovens entre 15 e 29 anos

    Arma em fábrica de armamentos em São Leopoldo (Foto: REUTERS/Diego Vara)

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    RIO DE JANEIRO (Reuters) - O número de homicídios no Brasil recuou 3% em 2022 na comparação com o ano anterior, segundo dados do Atlas da Violência divulgado nesta terça-feira, mas ainda assim 62 jovens foram assassinados por dia no país no ano retrasado.

    Em 2022, foram registrados no total 46.409 homicídios, contra 47.847 em 2021, de acordo com o levantamento realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

    De cada 100 jovens entre 15 e 29 anos que morreram no Brasil em 2022 por qualquer causa, 34 foram vítimas de homicídio. Do total de homicídios registrados no ano, 49,2% vitimaram jovens entre 15 e 29 anos.

    O estudo aponta que em média 62 jovens foram mortos por dia no país no ano retrasado. Entre 2012 e 2022, foram 321.466 jovens vítimas da violência letal no Brasil.

    "A criminalidade violenta produz diversas externalidades negativas, entre as quais se destacam o menor crescimento econômico, a redução no desenvolvimento educacional de crianças e adolescentes e a diminuição da participação no mercado de trabalho", afirmaram os autores do estudo.

    O número de mortes por cada 100 mil habitantes atingiu no ano retrasado 21,7, ante 22,5 em 2021. Apesar da pequena redução, o estudo aponta uma desaceleração numa trajetória de queda mais acentuada nas taxas de homicídio no país nos anos anteriores.

    “Interessante notar que essa dinâmica a favor da redução dos homicídios perde força em 2019. De fato, entre 2019 e 2022, a variação da taxa de homicídio no país foi nula, tendo voltado a aumentar no Nordeste (6,1%) e no Sul (1,2%) e diminuído nas demais regiões, com destaque para a forte redução da letalidade no Centro-Oeste (-14,1%), que manteve o ritmo de queda que ocorria desde 2016”, afirmaram os autores do estudo.

    A política de apoio a uso de armas no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro pode estar por trás desse movimento, de acordo com o trabalho.

    “Uma possível explicação para essa estagnação no processo de redução da violência letal no Brasil a partir de 2020 diz respeito à legislação armamentista do governo Bolsonaro, que pode ter influenciado no sentido de aumentar os homicídios, anulando a maré a favor da redução de mortes", diz o Atlas.

    "De fato, um estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, com base em metodologia econométrica robusta, mostrou evidências que, se não houvesse tal legislação, a redução dos homicídios teria sido ainda maior do que a observada entre 2019 e 2021, sendo que pelo menos 6.379 vidas teriam sido poupadas”, adicionou.

    Os autores da pesquisa estimam que um aumento de 1,0% na difusão de armas de fogo gera aumento nas taxas de homicídios e de latrocínios de 1,2%.

    O Atlas apontou ainda que entre 2019 e 2022 ocorreram no Brasil 24.102 homicídios ocultos.

    “Eles passaram ao largo das estatísticas oficiais de violência no país. Tais homicídios, cujas causas verdadeiras o Estado não reconheceu, corresponderiam a tragédias invisibilizadas como a queda de 160 Boeings totalmente lotados sem sobreviventes”, diz documento.

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