Houve “proximidade de execução” em tentativa de golpe, diz Gilmar

247 - Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada neste domingo (23), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, afirmou que o relatório da Polícia Federal (PF) indica uma coordenação intensa e uma "proximidade de execução" em uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. O documento fundamentou a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas.

"Nós vimos o relatório da Polícia Federal, vocês todos leram, e conhecemos os dados que falam em uma articulação, em uma coordenação, numa preparação muito intensa, proximidade, inclusive, de execução", declarou Gilmar Mendes. O ministro enfatizou que, em crimes dessa natureza, tanto a cogitação quanto a preparação já são passíveis de punição.

Além disso, Mendes criticou a postura do Exército em relação aos eventos de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília. Ele destacou que parte das Forças Armadas "tem grande responsabilidade" nos acontecimentos, pois "toleraram a permanência" de acampamentos em frente a quartéis, onde se articulavam ações antidemocráticas.

O ministro também rebateu alegações de perseguição política por parte de Bolsonaro e seus aliados, afirmando que as investigações seguem procedimentos legais e são baseadas em evidências concretas. Mendes descartou a possibilidade de anistia para os envolvidos nos atos golpistas, argumentando que alguns crimes são "muito próximos do terrorismo" e, portanto, não deveriam ser contemplados por medidas dessa natureza.