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    Lenio Streck lança campanha em defesa de João Cândido após nota do comandante da Marinha

    "Temos de mostrar indignação contra a fala do Almirante Olsen, para quem o marinheiro que se revoltou contra o uso da chibata não deve ser considerado herói", disse o jurista

    Marcos Sampaio Olsen | João Cândido Felisberto (Foto: Pedro França/Agência Senado | Arquivo do Estado de SP)

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    247 - O jurista Lênio Streck usou as redes sociais para lançar uma campanha em defesa do marinheiro João Cândido Felisberto, que em 1910 , liderou um grupo de cerca de 2 mil marinheiros insurretos contra as precárias condições de trabalho e os castigos físicos, especialmente o uso do açoite como forma de punição, no que ficou conhecido como a “revolta da chibata”.

    “Minha campanha: “SOMOS TODOS JOÃO CANDIDO”! Temos de mostrar indignação contra a fala do Almirante Olsen, para quem o marinheiro que se revoltou contra o uso da chibata não deve ser considerado herói. Viva João Cândido!! Espalhem”, escreveu Streck na rede social X, antigo Twitter. 

    A postagem foi feita na esteira da polêmica gerada em decorrência das críticas feitas por meio de nota pelo comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, ao projeto de lei que propõe a inclusão de João Cândido no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. Segundo Olsen, homenagear o militar representaria a celebração de um exemplo de conduta "reprovável”. 

    O almirante também descreveu os marinheiros que participaram da revolta, incluindo Cândido, como abjetos e afirmou que homenageá-los seria equivalente a exaltar características que não favorecem "o pleno estabelecimento e manutenção do verdadeiro Estado democrático de Direito". 

    ENTENDA - A Revolta da Chibata foi um movimento de insurreição ocorrido em 1910, protagonizado por marinheiros da Marinha do Brasil. O evento teve lugar no Rio de Janeiro, então capital do Brasil, entre os dias 22 e 26 de novembro. O líder mais conhecido dessa revolta foi João Cândido Felisberto, apelidado de "Almirante Negro".

    Os marinheiros rebelaram-se contra as condições desumanas a que estavam submetidos, especialmente o uso de castigos corporais, como a chibata, que ainda eram práticas comuns e sancionadas pela legislação naval da época. Naquele período, a Marinha brasileira estava passando por um processo de modernização, adquirindo novos navios e equipamentos, porém, as condições de vida e a disciplina nas embarcações mantinham-se arcaicas e severas.

    Durante a revolta, os marinheiros tomaram controle de quatro navios de guerra: Minas Geraes, São Paulo, Bahia e Deodoro, e ameaçaram bombardear a cidade do Rio de Janeiro se suas demandas por melhores condições de trabalho e a abolição dos castigos físicos não fossem atendidas.

    O governo brasileiro, presidido por Hermes da Fonseca, inicialmente tentou negociar, prometendo anistia e a suspensão dos castigos. Os marinheiros desocuparam os navios após o governo se comprometer com essas reformas. No entanto, embora a revolta tenha resultado na proibição do uso da chibata, muitos dos líderes e participantes sofreram perseguições e represálias nos anos subsequentes. João Cândido, por exemplo, foi preso e internado em um hospital psiquiátrico, sofrendo por muitos anos as consequências de sua liderança na revolta.

     

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