Gleisi: 'não cabe à Marinha dizer quem pode ou não pode ser reconhecido como herói pelo Congresso e pelo povo brasileiro'
O almirante Marcos Sampaio Olsen criticou a inclusão do líder da Revolta da Chibata, João Cândido, no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria
247 - A presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), publicou nesta quinta-feira (25) uma mensagem contrária à iniciativa do comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen após ele enviar uma carta à presidência da Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados discordando da inclusão do nome de João Cândido Felisberto (1880-1969), líder da Revolta da Chibata (1910), no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria - ele era conhecido como "Almirante Negro".
"Para driblar a censura nos anos 1970 e liberar a linda letra de 'Mestre Sala dos Mares', Aldir Blanc teve de chamar João Cândido de 'navegante negro' e não de 'almirante negro', como se tornou conhecido o líder da Revolta da Chibata. Em 2010, com o país em plena democracia, a Petrobras batizou com o nome de João Cândido o maior navio petroleiro construído no Brasil, lançado ao mar pelo presidente Lula. Não cabe à Marinha do Brasil nem a seu comandante dizer quem pode ou não pode ser reconhecido como herói pelo Congresso Nacional e pelo povo brasileiro. Cabe cumprir seu papel definido na Constituição", escreveu a parlamentar na rede social X.
Para o comandante, a intenção de incluir Cândido ou "qualquer outro participante daquela deplorável página da história nacional" seria como transmitir, principalmente aos militares, a mensagem de que é lícito "recorrer às armas que lhes foram confiadas para reivindicar suposto direito individual ou de classe".
Senadores aprovaram a homenagem a João Cândido e agora é debatida na Câmara. Os deputados federais Lindbergh Farias (PT-RJ) e a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) são autor e relatora do projeto. Os dois integram o mesmo partido que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, responsável pela nomeação de Olsen para chefiar a Força.
Em 1910, Cândido, um marinheiro negro, liderou um grupo de cerca de 2 mil marinheiros insurretos contra as precárias condições de trabalho e os castigos físicos, especialmente o uso do açoite (chibata) como forma de punição. Na época, o governo brasileiro aboliu oficialmente a chibata como forma de punição.
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