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    Lula diz que prepara proposta para discutir com a China a adesão do Brasil à Rota da Seda

    "O que o Brasil ganha se a gente participar desse negócio? Qual é a fatia importante de participação do Brasil?", questionou o presidente

    (Foto: Reuters)

    247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (19) que o governo está preparando uma proposta visando a adesão do Brasil à Rota da Seda, ambicioso projeto de infraestrutura liderado pelo governo chinês. “Como a China quer discutir a Rota da Seda, nós então vamos ter que preparar uma proposta para discutir: ‘o que eu ganho? O que o Brasil ganha se a gente participar desse negócio? Qual é a fatia importante de participação do Brasil?’", disse Lula durante o anúncio da liberação de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no valor de R$ 10,75 bilhões, para obras e intervenções na Via Dutra e na Rio-Santos.

    Desde o seu lançamento em 2013, a iniciativa do Cinturão e Rota já conta com a adesão de 151 países, de acordo com monitoramento da Universidade Fudan, em Xangai. Na América do Sul, Brasil, Colômbia e Paraguai são os únicos que ainda não aderiram. Neste mês, o presidente Lula já havia afirmado  que participará da reunião deste ano da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec) e defendeu que o Brasil busque uma maior aproximação com a China.

    No evento desta sexta-feira, Lula também destacou que vem trabalhando ao longo de seu terceiro mandato para resgatar a credibilidade do Brasil no cenário internacional. “Nesse um ano e seis meses eu tinha algumas coisas importantes para fazer, e uma delas era recuperar a imagem do Brasil no mundo. Nós passamos um período em que ninguém queria vir aqui e ninguém queria receber as pessoas lá. O Brasil ficou uma espécie de pária. O cidadão [Jair Bolsonaro] quando chegava em uma reunião, todos os presidentes iam se afastando para não cumprimentá-lo. Isso acontece”, disse. 

    “Uma vezes eu fui na África almoçar e tinha um presidente de um país que era chamado de ditador, e não sei quem da minha assessoria colocou a minha cadeira para sentar do lado do ditador e o jornal O Globo o tempo inteiro com a máquina [fotográfica] olhando para ver se eu ia sentar perto do ditador. Pois eu não almocei. Fiquei em pé para não tirar a fotografia. O cidadão que estava aqui era assim. Ninguém queria recebê-lo. Então assumimos o compromisso de recuperar uma coisa que o Brasil tem e que ninguém tem: não tem nenhum país do mundo sem contencioso com ninguém como o Brasil. Todo mundo gosta do Brasil e o Brasil tem que gostar de todo mundo. Por que eu vou querer brigar com a Venezuela, com a Nicarágua, com a Argentina? Eles que elejam os presidentes que quiserem. O que me interessa é a relação de Estado para Estado, o que o Brasil ganha ou perde nessa relação. Por isso que neste ano eu já tive mais encontro com presidentes do que todos os presidentes da República que passaram pelo Brasil, até em relação ao meu governo de 2003 a 2010", completou.

    “É verdade que eu fui ao mundo no ano passado, mas a partir de agora é o mundo que vem ao Brasil. Nós estamos fazendo o G20, o encontro das 20 maiores economias do mundo, no Brasil. E estão tendo 67 reuniões até a reunião presidencial em outubro. Depois que o mundo vier ao Brasil no G20, eu vou ainda participar da COP30 no Azerbaijão, dos BRICS na Rússia e da Apec no Peru, que o Brasil não faz parte”, disse o presidente ao falar dos compromissos internacionais que estão previstos. “E no ano que vem vamos ter aqui no Brasil o BRICS e a COP30 em Belém”, destacou mais à frente.

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