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    Lula reage ao avanço da extrema direita e cobra ministros por políticas para a classe média

    Avaliação do Planalto é de que as iniciativas do governo estão voltadas apenas para os mais pobres

    Presidente Luiz Inácio Lula da Silva 22/07/2024 REUTERS/Andressa Anholete (Foto: Andressa Anholete)

    247 - Diante de um cenário político que revelou crescimento da força dos partidos de direita, o presidente Lula (PT) redobrou esforços para fortalecer a conexão com a classe média brasileira. Com a aprovação do governo em queda neste segmento, como aponta pesquisa da Quaest, o Planalto tenta agora avançar em políticas públicas voltadas para micro e pequenos empreendedores, além de ampliar o alcance de programas de bolsas educacionais, como o Pé-de-Meia. A informação foi divulgada pelo O Globo, destacando os planos do governo para atrair novos apoiadores e garantir a recuperação de popularidade em segmentos intermediários de renda.

    A pesquisa, publicada em setembro, revelou que a reprovação a Lula na faixa de renda entre dois e cinco salários mínimos subiu para 46%, um aumento em comparação aos 38% registrados em agosto do ano anterior. No contexto de uma classe média estimada em 43% da população pelo Ministério de Desenvolvimento Social, o governo enxerga a necessidade urgente de consolidar políticas que ultrapassem o atendimento aos mais pobres, ampliando também o crédito e os incentivos para outros estratos sociais.

    Entre as principais estratégias está a facilitação do crédito a juros reduzidos para pequenos empreendedores, com o programa Acredita liderado pelo ministro Márcio França. A linha de crédito, que oferece financiamentos de até R$ 150 mil, agora utiliza canais de comunicação mais acessíveis, como o WhatsApp, para atingir o público-alvo de forma mais direta. França afirma que a intenção é responder a uma percepção de desamparo por parte dessa classe média, que enxerga um desequilíbrio entre os benefícios sociais destinados às faixas mais baixas de renda e as suas próprias necessidades.

    Além do crédito, o programa Pé-de-Meia, vinculado ao Ministério da Educação, surge como outra frente de ação. Inicialmente voltado para estudantes de baixa renda, o governo estuda expandir sua abrangência para todos os alunos do ensino médio em escolas públicas. A expansão poderia beneficiar cerca de 2 milhões de estudantes, mas ainda enfrenta desafios orçamentários, sobretudo num momento em que a equipe econômica intensifica os cortes de gastos.

    Aos olhos de interlocutores de Lula, as políticas públicas voltadas ao público de baixa renda são fundamentais, mas insuficientes para garantir o apoio da classe média. O Planalto, por meio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), também visa estimular a exportação entre micro e pequenas empresas. Jorge Viana, à frente da Apex, firmou convênios com entidades empresariais e o Sebrae, visando a capacitação e incentivo à exportação, especialmente para cooperativas e microempresas das regiões Norte e Nordeste.

    O avanço dessas políticas, porém, enfrenta entraves. A ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil, uma das promessas de campanha, segue em suspenso, dependente dos ajustes fiscais. De forma semelhante, a regulamentação dos motoristas de aplicativo enfrenta resistência, com o Ministério do Trabalho sem previsão de votação no Congresso para o projeto que visa garantir direitos a esses profissionais.

    Em uma tentativa de suavizar as críticas ao governo, o Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu, recentemente, limitar os juros do rotativo do cartão de crédito, estabelecendo um teto de 100% sobre os valores em aberto. Para Alexandre Padilha, ministro de Relações Institucionais, o PT tem um desafio: dialogar com trabalhadores que recebem entre dois e dez salários mínimos, uma faixa que tem demonstrado insatisfação com as atuais políticas do partido.

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