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    Lupi: "se cortar direitos na previdência, não tenho como ficar no governo"

    Presidente licenciado do PDT falou sobre os rumos da política brasileira e destacou a necessidade de o governo manter uma base de alianças

    Carlos Lupi (Foto: Joédson Alves/Agência Brasil)

    247 - Com o debate sobre a contenção de gastos no governo em alta, o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, deixou claro que não ficará na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva caso sejam feitos cortes nos benefícios previdenciários ou haja mudança na política de reajuste do salário mínimo. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Lupi foi taxativo ao defender os direitos dos beneficiários e afirmou: "Vou fazer o que com isso? Tirar direito adquirido? Não conte comigo. Vou baixar o salário? Não conte comigo. Vou deixar de ter ganho real (no salário mínimo)? Não conte comigo".

    Lupi, que também é presidente licenciado do PDT, falou sobre os rumos da política brasileira e destacou a necessidade de o governo manter uma base de alianças sólida, inclusive de olho nas próximas eleições. Entre os pontos levantados, ele mencionou a resistência em relação a uma possível federação com o PSDB, partido cujo presidente, Marconi Perillo, elogiou as reformas trabalhista e previdenciária do governo Bolsonaro, o que Lupi considera ser uma barreira ideológica: “É conosco que vai fazer essa aliança? Somos a antítese dessas reformas, não tem afinidade ideológica”.

    Defesa da previdência e do equilíbrio fiscal

    A possível reestruturação orçamentária no Ministério da Previdência gera preocupação para o ministro. Ele afirma que o foco deve ser na cobrança de grandes devedores e no combate à sonegação, além de questionar as isenções fiscais, que, para ele, penalizam os que mais precisam dos serviços públicos. “O grande desafio é o equilíbrio fiscal. Como fazê-lo em cima da miséria do povo brasileiro? Quero discutir taxação das grandes fortunas”, destacou Lupi, acrescentando que cortes nas “despesas obrigatórias” são inviáveis e que, ao contrário, o governo deve focar no combate a fraudes para gerar economia. "Estamos fazendo uma economia grande conferindo gente que não tem mais direito à licença por doença. Se um cara teve uma doença e se curou, como continua tendo licença?", questionou.

    Articulação política e alianças para 2026

    Outro tema central da entrevista foi a formação de alianças partidárias para a próxima eleição presidencial. Lupi comentou sobre possíveis federações partidárias, que vêm sendo discutidas entre o PDT e legendas como Rede, Cidadania, PV e PSB. Segundo ele, qualquer federação deve se alinhar ao governo, pois ele não vê sentido em um partido da base se unir com siglas de oposição: “Se for para oposição, tem que sair do governo. Não é coerente, não consigo fazer jogo duplo”.

    O ministro também falou sobre o papel do PDT na eventual reeleição de Lula, destacando a preferência por alianças com partidos de centro-esquerda. Para Lupi, a vaga de vice deve permanecer com Geraldo Alckmin, considerando-o uma representação do centro na política, assim como foi José Alencar durante os mandatos anteriores de Lula. “Na fotografia de hoje, o Lula é o candidato mais forte do nosso campo. Vai continuar sendo em 2026? Pode ser que sim, pode ser que não”, afirmou.

    Tensão no PDT e relação com Ciro Gomes

    As recentes divergências entre membros do PDT e a possibilidade de saída do ex-presidenciável Ciro Gomes também foram temas abordados. Lupi comentou sobre o impacto da posição de Ciro em relação ao PT no Ceará e como isso afetou o partido localmente. “O Ciro é uma personalidade das mais inteligentes que eu já conheci, mas tem o temperamento muito duro. Ele e o irmão nunca foram muito fortes em Fortaleza”, disse. O ministro reconheceu a possibilidade de uma aliança com o PSB sem a presença de Ciro, mas apontou que as decisões dependerão do cenário político até o fim do ano.

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