"Manter a memória e a verdade é crucial para assegurar que essa tragédia não se repita", diz Dilma nos 60 anos do golpe de 1964
"A História não limpa da consciência nacional os atos daqueles que exilaram e mancharam de sangue, tortura e morte a vida brasileira durante 21 anos", afirma a ex-presidente
247 - A ex-presidente Dilma Rousseff, que atualmente preside o Banco dos BRICS, fez uma publicação no X, antigo Twitter, neste domingo (31), data que marca os 60 anos do golpe militar que deu início à ditadura de mais de duas décadas no país.
Contrastando com a posição do presidente Lula (PT), que determinou que o governo não realizasse atos em alusão ao golpe para evitar "conflagrar" o ambiente político, Dilma afirma na postagem ser "crucial" relembrar o evento histórico. "Manter a memória e a verdade histórica sobre o golpe militar que ocorreu no Brasil há 60 anos, em 31 de março de 1964, é crucial para assegurar que essa tragédia não se repita, como quase ocorreu recentemente, em 8 de janeiro de 2023. Como tentaram agora, naquela época, infelizmente, conseguiram. Forças reacionárias e conservadoras se uniram, rasgaram a Constituição, traíram a democracia, e eliminaram as conquistas culturais, sociais e econômicas da sociedade brasileira. O presidente João Goulart, legitimamente eleito, foi derrubado e morreu no exílio. No passado, como agora, a História não apaga os sinais de traição à democracia e nem limpa da consciência nacional os atos de perversidade daqueles que exilaram e mancharam de sangue, tortura e morte a vida brasileira durante 21 anos. Tampouco resgata aqueles que apoiaram o ataque às instituições, à democracia e aos ideais de uma sociedade mais justa e menos desigual. Ditadura nunca mais!".
A ex-presidente Dilma foi presa e cruelmente torturada durante a ditadura militar. Em depoimento em 2001 ao Conselho Estadual de Direitos Humanos (Conedh-MG), ela deu alguns detalhes sobre um dos episódios que sofreu: “minha arcada girou para o lado, me causando problemas até hoje, problemas no osso do suporte do dente. Me deram um soco e o dente se deslocou e apodreceu. […] Só mais tarde, quando voltei para São Paulo, o Albernaz (capitão Alberto Albernaz, do DOI-Codi de São Paulo) completou o serviço com um soco, arrancando o dente”.
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