Militares avaliam que Exército está preservado após a prisão de Braga Netto
Detenção do general gera mal-estar, mas fontes da caserna ressaltam separação entre a instituição e os indivíduos investigados
247 – A prisão do general da reserva Walter Souza Braga Netto, no último sábado (14), causou um desconforto inédito na cúpula do Exército Brasileiro, mas oficiais ouvidos pelo Valor asseguram que a instituição permanece preservada. Trata-se da primeira detenção de um general de quatro estrelas – a mais alta patente da força – ao menos desde a promulgação da Constituição de 1988. Ainda que o militar esteja fora da ativa, seu histórico de carreira, que incluiu o comando da intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro, durante o governo de Michel Temer, e o posto de ministro da Defesa na gestão de Jair Bolsonaro, tornam o episódio singular.
Fontes militares ressaltam, porém, que um oficial na reserva é equiparado a um civil. “Não podemos confundir o CPF de um indivíduo com o CNPJ do Exército”, afirmou uma dessas fontes, em referência ao esforço de se dissociar a instituição do envolvimento individual de alguns militares em atos antidemocráticos. “As investigações correm contra pessoas, não contra a Força, que mantém o compromisso com a ordem constitucional”, acrescentou.
Braga Netto, que chegou a ser candidato a vice-presidente na chapa que perdeu a eleição em 2022, foi preso por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), com aval da Procuradoria-Geral da República (PGR). Ele é suspeito de tentar obstruir as investigações sobre uma tentativa de golpe contra o resultado eleitoral. De acordo com relatório da Polícia Federal (PF), o general teria repassado dinheiro em uma sacola de vinho para financiar ações ligadas à trama golpista.
Em nota oficial, o Centro de Comunicação Social do Exército (CComSex) destacou que não se pronunciará sobre processos conduzidos por outros órgãos, reiterando que a relação com as instituições da República se pauta pelo respeito mútuo. Na mesma investigação, outro general da reserva, Mário Fernandes, de duas estrelas, também foi preso e indiciado. No sábado, os advogados de Braga Netto divulgaram comunicado afirmando ter “conhecimento parcial” dos elementos que motivaram a prisão preventiva e assegurando confiança no devido processo legal, prometendo comprovar que não houve obstrução às investigações.
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