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    Mortes de homens negros por arma de fogo superam em quatro vezes as de homens brancos

    Dado consta no Boletim Saúde da População Negra. O levantamento contempla os últimos dez anos: 150 mil homens negros foram mortos a tiros neste período no Brasil

    (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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    247 - Entre 2012 e 2022, o Brasil registrou a morte de quase 150 mil homens negros – pretos e pardos – devido a ferimentos por arma de fogo. Este número é quatro vezes maior que o de homens brancos mortos nas mesmas circunstâncias, revelando uma disparidade alarmante e evidenciando as profundas desigualdades raciais no país.

    Os dados são do Boletim Saúde da População Negra, um projeto realizado pelo Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS) e pelo Instituto Çarê, obtido com exclusividade pela TV Globo e divulgado pelo g1. O estudo visa apoiar pesquisas sobre a saúde da população negra, fornecendo evidências detalhadas sobre as condições de vida e as vulnerabilidades dessa parcela da sociedade.

    Rony Coelho e Manuel Mahoche, autores do estudo, destacam que as evidências acadêmicas sublinham o reconhecimento das desigualdades estruturais e históricas, mostrando a maior vulnerabilidade da população negra às agressões. "As disparidades enfrentadas pela população negra em contextos de violência e saúde são profundas e multifacetadas, demandando uma resposta que transcende a assistência à saúde e abarca educação, habitação, segurança pública e justiça social, visando à construção de uma sociedade genuinamente equitativa", afirmam.

    O boletim revela que, de 2012 a 2022, 149,7 mil homens negros morreram por disparos de arma de fogo em vias públicas, em comparação com 38,2 mil homens brancos. A discrepância é especialmente acentuada na faixa etária de 18 a 24 anos, onde as taxas de mortalidade de homens negros são significativamente mais altas do que as de homens brancos. A partir dos 45 anos, essa diferença se reduz, apresentando um padrão mais homogêneo entre as duas categorias.

    O ano de 2017 foi o mais violento para a população negra dentro do período analisado, com 17,6 mil homicídios de homens negros por arma de fogo, comparados a 4,1 mil homens brancos assassinados.

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