"Pessoal da direita esqueceu tudo o que o Moro falou do Bolsonaro", diz Valdemar sobre ação que pode cassar mandato do senador
"Eu não estou contra o Moro, não. Só estou dizendo o seguinte: 'veja o que ele falou e quem vocês estão defendendo'", disse o presidente do PL sobre críticas do clã Bolsonaro
247 - O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, expressou sua insatisfação com as reclamações vindas da família Bolsonaro em relação à decisão do partido de recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) visando a cassação do mandato do senador e ex-juiz suspeito Sérgio Moro (União Brasil-PR). "O pessoal da direita esqueceu tudo o que o Moro falou do Bolsonaro quando saiu do governo”, disse Valdemar à Coluna do Estadão, do jornal O Estado de S. Paulo.
"Ele queria ser candidato a presidente da República. Achava que derrotaria o Bolsonaro", completou. "Eu não estou contra o Moro, não. Só estou dizendo o seguinte: 'veja o que ele falou e quem vocês estão defendendo'", ressaltou o presidente do PL.
Segundo a reportagem, uma análise feita pela cúpula do PL resgatou as principais acusações proferidas por Moro contra o então presidente Jair Bolsonaro (PL) após sua saída do Ministério da Justiça em abril de 2020. Em janeiro de 2022, por exemplo, o ex-juiz suspeito afirmou em sua antiga conta no Twitter que o discurso de combate à corrupção era apenas mais um elemento do "estelionato eleitoral" praticado por Bolsonaro.
Em abril do mesmo ano, Moro chegou a rotular o chefe do Executivo de mentiroso. "Nada do que ele fala deve ser levado a sério. Mentiu que era a favor da Lava Jato, mentiu que era contra o Centrão, mentiu sobre vacinas, mentiu sobre a Anvisa e o Barra Torres e agora mente sobre mim. Não é digno da Presidência."
No último dia 22, o PL recorreu ao TSE da decisão proferida pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Paraná que absolveu Moro da acusação de abuso do poder econômico na campanha para o Senado em 2022. Nessa disputa, Moro venceu o candidato do PL, Paulo Martins.
"Tem um problema político aí", disse Valdemar. "O Paulo Martins já tinha passado o Moro, mas 'fajutaram' uma pesquisa na época e começaram a colocar em todo lugar. Depois da eleição, o instituto de pesquisa disse que tinha errado", destacou.
Valdemar explicou que o partido até poderia atender ao pedido da família Bolsonaro e desistir da ação contra Moro, mas isso implicaria no pagamento de uma multa de R$ 1,2 milhão aos advogados. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), porém, considerou a explicação como uma desculpa sem fundamento.
Apesar das denúncias de Moro contra Bolsonaro ao deixar o governo, o ex-mandatário avalia que isso faz parte do passado, uma vez que Moro o apoiou no segundo turno da campanha contra Luiz Inácio Lula da Silva. O comando do PL elaborou uma estratégia que contempla a possível cassação de Moro. Em caso de nova eleição para a vaga ainda neste ano, o candidato do partido ao Senado seria Paulo Martins, ex-deputado federal. O PT também recorreu da sentença do tribunal do Paraná.
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