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    Polícia Federal avalia abrir novos inquéritos com base em dados encontrados nos celulares de Wassef

    O conteúdo analisado pode transcender as questões relacionadas às joias, potencialmente abrindo novas frentes investigativas, caso evidências robustas sejam encontradas

    Advogado Frederick Wassef comparece a cerimônia no Palácio do Planalto 17/06/2020 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

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    247 - A Polícia Federal (PF) está considerando a abertura de novos inquéritos após a análise de informações contidas nos celulares apreendidos do advogado Frederick Wassef, que representa Jair Bolsonaro (PL), segundo o jornal O Globo. Os quatro aparelhos foram confiscados durante investigações sobre a venda de presentes de alto valor recebidos por Bolsonaro em viagens oficiais, incluindo joias negociadas em lojas internacionais.

    Os investigadores da PF estão meticulosamente examinando fotos, vídeos e trocas de mensagens em aplicativos de conversas encontradas nos telefones de Wassef. O advogado, procurado pela reportagem, não se pronunciou sobre o caso. Este exame detalhado dos dados é um dos motivos que têm adiado a finalização do relatório desse inquérito. Segundo fontes internas, o conteúdo analisado pode transcender as questões relacionadas às joias, potencialmente abrindo novas frentes investigativas, caso evidências robustas sejam encontradas.

    Entre as transações sob escrutínio, está a recompra de um Rolex presenteado a Bolsonaro pelo governo saudita. A joia havia sido vendida a uma joalheria americana pelo ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid. Wassef, em depoimento prestado em São Paulo, em agosto do ano passado, afirmou ter comprado o relógio com recursos próprios, utilizando dinheiro vivo, o que teria resultado em um desconto de US$ 11 mil. Ele apresentou recibos de compra no valor de US$ 49 mil e de saque de US$ 35 mil, justificando que a transação foi legal e declarada à Receita Federal. "Eu comprei o relógio com a intenção de devolvê-lo à União, ao governo federal do Brasil, à Presidência da República, conforme decisão do Tribunal de Contas da União", declarou Wassef na época.

    Duas semanas atrás, a PF realizou novas diligências, incluindo a coleta de um novo depoimento de Mauro Cid. O foco era esclarecer a negociação de uma nova joia, identificada através de uma cooperação internacional com o FBI. Policiais em cidades como Miami (Flórida), Wilson Grove (Pensilvânia) e Nova Iorque (NY) conseguiram ouvir comerciantes, acessar imagens de câmeras de segurança e obter documentos como movimentações financeiras dos investigados.

    O delegado Ricardo Andrade Saadi, diretor de Investigação e Combate ao Crime Organizado e à Corrupção (Dicor), salientou que a descoberta dessa nova joia vendida pode agravar as penas em caso de condenação dos envolvidos. A investigação aponta para a prática de crimes como peculato e formação de organização criminosa.

    Auxiliares de Bolsonaro são acusados de vender ou tentar comercializar pelo menos quatro itens de luxo, dois deles oferecidos pela Arábia Saudita e dois pelo Bahrein. A PF sugere que existe uma organização criminosa ao redor do ex-presidente dedicada ao desvio de joias, relógios, esculturas e outros itens valiosos recebidos como representantes do Estado brasileiro.

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