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    Presidente do INSS acusa infiltração bolsonarista em greve de servidores

    Greve persiste mesmo após o governo Lula ter assinado um acordo de reajuste salarial para a categoria

    Alessandro Stefanutto (Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

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    247 - O presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alessandro Stefanutto, afirmou que bolsonaristas estariam infiltrados no movimento de greve que persiste mesmo após o governo Lula (PT) ter assinado um acordo com a categoria. Em entrevista ao Metrópoles na terça-feira (10), Stefanutto manifestou sua preocupação com a presença de "radicais" que, segundo ele, usam métodos típicos dos bolsonaristas para desestabilizar o governo.

    “Minha desconfiança é que há bolsonaristas infiltrados, porque os métodos são esses”, disse Stefanutto, apontando sinais claros de participação de opositores do governo. Ele ressaltou que, embora não queira politizar o movimento, a greve agora envolve ações que comprometem a democracia, como cercar pessoas e bloquear acessos.

    Os grevistas, organizados pela Federação Nacional de Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps), cercaram o edifício-sede do INSS em Brasília, bloqueando a entrada e impedindo o funcionamento do local. A Polícia Militar foi acionada para garantir a segurança e o direito de ir e vir. O movimento ocorreu mesmo após a assinatura de um acordo que prevê reajuste salarial nos próximos anos, o que, para Stefanutto, mostra uma desobediência às normas estabelecidas.

    Stefanutto destacou que o governo Lula garantiu um reajuste superior à inflação do período, algo que não ocorreu durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). Ele acredita que a greve, que inicialmente buscava reposição salarial, tornou-se uma disputa política. “A comparação com o governo Bolsonaro não é política, mas matemática”, afirmou. Para ele, o movimento saiu da racionalidade e se transformou em um conflito político que deve ser tratado com a aplicação da lei.

    Na semana anterior, Stefanutto já havia enfrentado momentos de tensão ao pernoitar em seu gabinete durante uma ocupação de servidores. Na ocasião, ele decidiu não contabilizar as ausências dos grevistas como faltas injustificadas, o que contribuiu para o fim temporário do impasse. No entanto, com a continuidade das manifestações, Stefanutto alertou que o governo pode recorrer ao Judiciário para aplicar multas aos servidores que não respeitam o acordo.

    O governo assinou um acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social (CNTSS), que garante um aumento de 27% entre 2023 e 2026. O governo argumenta que a assinatura de uma entidade representativa é suficiente para validar o acordo, mas parte dos servidores questiona sua legitimidade.

    Os grevistas reivindicam, entre outras coisas, a exigência de nível superior para ingresso na carreira e o reconhecimento como carreira típica de Estado, com atribuições exclusivas e protegidas de terceirização. O termo de acordo prevê, ainda, a formação de um grupo de trabalho para discutir essas demandas.

    Apesar da greve, Stefanutto garante que o impacto no atendimento aos segurados tem sido limitado devido ao uso de ferramentas digitais, com cerca de 4 mil perícias remarcadas desde o início das paralisações, em julho. Ele reafirmou sua disposição para negociar, destacando que sua relação com os servidores sempre foi pautada pelo respeito e diálogo.

    O governo espera que o movimento de greve enfraqueça com o tempo e que os servidores que ainda não aderiram ao acordo assinado em agosto reconsiderem sua posição, garantindo a continuidade dos serviços prestados pelo INSS à população.

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