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    Relatório final da PF aponta Bolsonaro como “líder de organização criminosa”

    Ex-presidente e sua gangue teriam planejado um golpe de Estado para impedir a posse do presidente Lula

    Jair Bolsonaro em ato na Avenida Paulista, São Paulo-SP, 7 de setembro de 2024 (Foto: Reuters)

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    247 – O relatório final da Polícia Federal (PF), com 884 páginas, identificou Jair Bolsonaro (PL) como o “líder” de uma organização criminosa formada por 37 pessoas. O documento detalha o envolvimento do ex-presidente em um plano que visava manter seu poder após a derrota nas eleições de 2022. Segundo a PF, Bolsonaro “permeou por todos os núcleos” da organização criminosa, atuando de forma direta no núcleo de desinformação e ataques ao sistema eleitoral. A investigação aponta que o objetivo central da organização era impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e garantir a continuidade do governo Bolsonaro.

    Estrutura criminosa e os núcleos de atuação

    O relatório, detalhado pela CNN, descreve uma rede articulada em seis núcleos principais:

    • Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral;
    • Núcleo de Incitação a Militares para Adesão ao Golpe de Estado;
    • Núcleo Jurídico;
    • Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas;
    • Núcleo de Inteligência Paralela;
    • Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas.

    Apesar de estar diretamente envolvido na desinformação, Bolsonaro transitava por todas as áreas da organização, consolidando-se como o principal articulador do grupo.

    Além do planejamento para minar a legitimidade do processo eleitoral, o relatório detalha tentativas de assassinato contra Lula, seu vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF Alexandre de Moraes. Esses atos teriam ocorrido entre novembro de 2022 e janeiro de 2023, com culminância na invasão às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023.

    Indiciados de destaque

    Entre os 37 indiciados pela PF, além de Bolsonaro, figuram ex-ministros como Braga Netto (Defesa), Augusto Heleno (GSI) e Anderson Torres (Justiça). Outros nomes incluem o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin, e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, também está na lista.

    Os investigados foram enquadrados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. A PF descreveu o grupo como uma estrutura organizada com divisão de tarefas, o que permitiu uma operação coordenada contra as instituições democráticas.

    Próximos passos e análise da PGR

    O relatório foi entregue ao ministro Alexandre de Moraes, que o repassará à Procuradoria-Geral da República (PGR). Caberá ao procurador-geral, Paulo Gonet, decidir se formaliza denúncia ao STF, solicita novas diligências ou arquiva o caso.

    Gonet já sinalizou que a análise do documento será detalhada e que uma possível denúncia só será apresentada em 2025. A decisão reflete o cuidado da PGR em estruturar um caso sólido em um contexto de alta repercussão nacional e internacional.

    Bolsonaro se manifestou através de suas redes sociais, criticando a condução do inquérito. “O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia e faz pesca probatória”, escreveu o ex-presidente, que aguarda sua defesa para se pronunciar oficialmente.

    Impacto político

    As acusações aprofundam os desafios políticos de Bolsonaro, já inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A possibilidade de uma denúncia criminal formal em 2025 coloca em risco sua liderança no campo conservador e suas aspirações para 2026.

    O caso também marca um teste para as instituições democráticas brasileiras, que enfrentam o desafio de responsabilizar os envolvidos em um dos momentos mais críticos da história recente do país.

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