Relatório indica pacto inédito entre PCC e Comando Vermelho no crime organizado
De acordo com a Secretaria Nacional de Políticas Penais, os integrantes das facções querem um tratamento menos rigoroso em presídios federais
247 - Membros do alto escalão das duas maiores facções criminosas do Brasil – Primeiro Comando da Capital e Comando Vermelho – estão formatando uma “unificação” de advogados para ajudar no atendimento a pedidos feitos por detentos do sistema penitenciário federal. De acordo com um relatório de inteligência da Secretaria Nacional de Políticas Penais, membros das facções querem um tratamento menos rigoroso em presídios federais. As duas organizações atuam em mais de 20 unidades federativas. O PCC tem sede no estado de São Paulo e o CV no Rio de Janeiro.
Em penitenciárias federais, os presos cumprem pena no regime disciplinar diferenciado. O detento fica isolado em cela individual monitorada por câmera, com saídas diárias para banho de sol por duas horas. Não podem ver televisão, ler jornais e revistas, nem ouvir rádio. Também ficam proibidos de usar internet ou celular.
O Brasil tem cinco penitenciárias federais: Catanduvas (PR), inaugurada em 2006; Campo Grande (MS), que teve sua inauguração no mesmo ano; Porto Velho (RO), inaugurada em 2009; Mossoró (RN), inaugurada naquele mesmo ano; e outra em Brasília (DF), onde a construção começou em 2013 e terminou em 2018, conforme informou o Departamento Penitenciário Nacional, do Ministério da Justiça.
Conforme revelou o Fantástico, gravações feitas com autorização judicial mostraram conversas entre presos e seus advogados dentro do "parlatório", local dentro das penitenciárias federais onde ocorrem esses encontros.
O Serviço de Inteligência do Ministério da Justiça afirmou, em relatório, que a “unificação dos advogados do Primeiro Comando da Capital, o PCC, e Comando Vermelho, o CV, vem sendo formatada por integrantes do alto escalão das duas facções”.
“Teria como objetivo fortalecer os grupos criminosos para, principalmente, pleitear demandas dos chefes presos no sistema penitenciário federal", continuou. “Dados apontariam que integrantes do PCC já estariam reunindo assinaturas de pessoas em condições de votar para subsidiar um suposto 'abaixo-assinado' em que os signatários pleiteariam a flexibilização da lei para permitir o retorno de visitação com contato físico no sistema prisional federal".
O setor de inteligência da pasta da Justiça registrou que o chefe do PCC, Marco Willians Camacho, o Marcola, perguntou a um advogado: "Eles vão fazer então um abaixo-assinado com 1 milhão e 600 mil assinaturas?".
O secretário nacional de políticas penais do Ministério da Justiça e Segurança Pública, André Garcia, disse que, nas penitenciárias federais, a “capacidade de isolamento é necessária para que se interrompam os mecanismos de comunicação e articulação das lideranças".
Para David Marques, coordenador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o “desafio que o Estado brasileiro tem com relação a essas organizações vai muito além dessa pacificação entre elas”. “É de consolidação democrática, proteção das instituições democráticas. O país tem mais de 70 organizações criminosas, facções criminosas identificadas".
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