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    Visando eleições, comunicação bolsonarista tem segmentação e porta-vozes para 'incendiar a militância'

    Tática envolve a definição de porta-vozes para diferentes públicos, visando atingir o máximo de pessoas

    Jair Bolsonaro e Michelle Bolsonaro (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

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    247 - A Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC Brasil), que reuniu conservadores e representantes da extrema direita, realizada em Balneário Camboriú (SC) no fim de semana, delineou a estratégia de comunicação bolsonarista para manter os eleitores mobilizados, mesmo fora do poder. A tática, segundo o jornal O Estado de S. Paulo, é definir porta-vozes para diferentes públicos, visando atingir o máximo de pessoas, como já demonstrado na manifestação de 25 de fevereiro, na Avenida Paulista.

    Nos bastidores, uma fonte próxima de Jair Bolsonaro (PL) e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro confirmou que o grupo planeja a comunicação de forma segmentada para alcançar diversos setores da sociedade. Parlamentares também têm papel fundamental em motivar a militância, abordando temas caros ao bolsonarismo e à extrema direita, como liberdade de expressão e críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF).

    “Nessa segmentação, o líder do grupo, ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), adota tom popularesco em seus discursos, enquanto a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) mira o eleitorado feminino com toques religiosos. Outro expoente do bolsonarismo, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) é responsável pelo discurso técnico em relação à economia e à infraestrutura, listando medidas adotadas pelo governo Bolsonaro nessas áreas”, destaca a reportagem. 

    Já o deputado federal bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG) tem a função de buscar uma aproximação com o eleitorado mais jovem por meio de uma linguagem dinâmica e própria das redes sociais, além de entremear falas com referências religiosas. O pai do parlamentar é pastor em Belo Horizonte.

    O evento também buscou fortalecer os laços com a direita internacional. O presidente da Argentina, Javier Milei, foi o principal destaque, junto com políticos do Chile, El Salvador e Holanda. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) foi o coordenador dessa frente de ação.

    Bolsonaro foi indiciado pela Polícia Federal por peculato, lavagem e associação criminosa no caso das joias sauditas. No evento, ele apenas afirmou que "não vai recuar"e, quando questionado, disse que falaria sobre o assunto em uma sabatina ao vivo na TV Globo, enquanto Michelle Bolsonaro desconversou, sugerindo perguntar a quem "ficou com as joias".

    Ainda segundo a reportagem, as palestras na CPAC Brasil pouco abordaram a pauta de costumes, como aborto e combate ao feminismo, focando mais em queixas sobre censura, liberdade de expressão e anistia aos presos dos atos golpistas de 8 de janeiro. O foco principal foram as eleições municipais, com lideranças bolsonaristas enfatizando a importância de um bom desempenho no pleito para sustentar uma candidatura presidencial em 2026, apesar de Bolsonaro estar inelegível.

    A imprensa foi hostilizada em duas ocasiões. No sábado, a reportagem de O Estado de S. Paulo foi xingada e um repórter foi empurrado. No domingo, uma repórter da CNN Brasil precisou ser escoltada para fora do local. A organização do evento repudiou as agressões em nota.

    A CPAC Brasil, realizada no Expocentro de Balneário Camboriú,também enfrentou problemas de organização, principalmente no sábado (6), com falhas no sistema de credenciamento e leitura de ingressos. O público conseguiu acessar o auditório sem comprovar a compra das entradas, e houve um incidente de segurança com uma pessoa entrando sem passar pela revista. No domingo, os problemas foram corrigidos.

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