Perfil fake investigado pela polícia foi usado para coletar denúncias contra Alysson Mascaro para o Intercept
Professor da USP pode estar sendo alvo de uma indústria do cancelamento, já utilizada em outros episódios
247 – Contas anônimas nas redes sociais foram usadas para tentar coletar informações contra o professor Alysson Mascaro, da Universidade de São Paulo, que foi alvo de uma denúncia anônima do The Intercept Brasil sobre sua conduta sexual. Uma dessas contas, identificada como "Preta Shaka Zulu", chegou a procurar o próprio Brasil 247 para tentar coletar denúncias contra o professor. Curiosamente, a mesma conta fake também foi usada na tentativa de cancelamento do pintor negro Maxwell Alexandre, destacando um modus operandi recorrente em campanhas de desestabilização na internet.
Na mensagem enviada ao Brasil 247, o perfil afirmou que o texto de Mascaro em homenagem à jornalista Nathalia Urban, recentemente falecida, seria um "oportunismo do professor para limpar sua faceta misógina". Além disso, a conta anônima sugeriu, sem apresentar provas, que Mascaro estaria sendo acusado por "uma dezena de alunos por abuso sexual". No entanto, os advogados do professor alegam que essas denúncias fazem parte de uma campanha orquestrada para promover seu cancelamento.
A mesma conta também tentou mobilizar a ministra da Cultura, Margareth Menezes, para atacar Maxwell Alexandre, um artista negro renomado. Em uma mensagem pública, o perfil "Preta Shaka Zulu" acusou o pintor de "humilhar mulheres pretas" e de se beneficiar de um "pacto machista". Essas acusações refletem a estratégia apontada por Mascaro em sua denúncia: a criação de narrativas falsas e acusações infundadas para destruir reputações.
A denúncia de Mascaro
Alysson Mascaro, por sua vez, apresentou uma representação criminal à 1ª Delegacia de Polícia da Sé, em São Paulo, solicitando a investigação do crime de stalking, previsto no Código Penal brasileiro. Segundo a denúncia, ataques coordenados começaram em agosto de 2023, após uma entrevista concedida à TV 247. Contas anônimas passaram a publicar comentários maliciosos e enviar mensagens caluniosas para alunos e colegas, além de espalhar informações falsas que afetaram seu ambiente de trabalho.
O professor e seus advogados destacam que as estratégias incluem perseguições físicas, disseminação de narrativas prejudiciais e até a preparação de conteúdo publicado no site The Intercept Brasil. Até o momento, o site acusa Mascaro, com base em fontes anônimas, de assédio sexual e estupro, mas sem apresentar provas materiais.
O crime de stalking
O stalking, introduzido no Código Penal brasileiro em 2021, é caracterizado por perseguições persistentes que invadem a privacidade e causam sofrimento emocional. No caso de Mascaro, a denúncia aponta para uma campanha organizada de intimidação e difamação, que incluiu ataques nas redes sociais e perseguições no ambiente universitário.
A representação criminal solicita a quebra de sigilo de contas no Instagram e no ProtonMail para identificar os responsáveis. Caso comprovadas as acusações, os infratores poderão enfrentar penas de até dois anos de reclusão, além de multa.
O caso de Alysson Mascaro levanta questões importantes sobre os limites da liberdade na internet e os impactos de campanhas de cancelamento na vida das vítimas. A repetição de ataques semelhantes contra figuras como o pintor Maxwell Alexandre reforça a suspeita de uma indústria do cancelamento, que utiliza contas anônimas para promover linchamentos virtuais e destruir reputações sem provas concretas.
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