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    Prestes a ser condenado, Bolsonaro cresceu odiando Rubens Paiva

    Vitória de Fernanda Torres no Globo de Ouro coincide com iminente prisão do ex-presidente por atos golpistas

    Cena do filme "Ainda estou aqui" (Foto: Divulgação)
    Redação Brasil 247 avatar
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    247 – A vitória de Fernanda Torres como melhor atriz pelo filme "Ainda Estou Aqui", em que ela interpreta Eunice Paiva, viúva do ex-deputado Rubens Paiva, ocorre num momento em que Jair Bolsonaro está prestes a ser condenado e preso por participação nos atos golpistas de 8 de janeiro. Curiosamente, o ex-presidente cresceu odiando o parlamentar que foi uma das vítimas mais notórias da ditadura exaltada por Bolsonaro.

    Bolsonaro enfrentará julgamento na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), composta pelos ministros Cristiano Zanin, Cármen Lúcia, Luiz Fux, Alexandre de Moraes e Flávio Dino. Essa composição sugere uma forte probabilidade de condenação para Bolsonaro, refletindo uma tendência desfavorável no âmbito judicial.

    Paralelamente, o filme "Ainda Estou Aqui", que narra a história do desaparecimento de Rubens Paiva durante a ditadura militar, alcançou grande reconhecimento artístico. Fernanda Torres conquistou o Globo de Ouro de melhor atriz em filme de drama, destacando-se entre concorrentes como Nicole Kidman ("Babygirl"), Angelina Jolie ("Maria Callas"), Kate Winslet ("Lee"), Tilda Swinton ("O quarto ao lado") e Pamela Anderson ("The Last Showgirl"). Em seu discurso de aceitação, Torres dedicou o prêmio à sua mãe: “Quero dedicar esse prêmio à minha mãe. Vocês não têm ideia... Ela estava aqui há 25 anos. Isso é uma prova de que a arte pode permanecer na vida das pessoas, mesmo em momentos difíceis, como os que Eunice Paiva viveu.”

    Bolsonaro, cuja trajetória política é marcada por uma postura favorável à ditadura militar, desenvolveu animosidade em relação à família Paiva durante sua adolescência em Eldorado Paulista (SP), no Vale do Ribeira. A família Paiva, liderada por Jaime Paiva, um "coronel" local e deputado eleito duas vezes, possuía a Fazenda Caraitá, símbolo de poder econômico e social no município. Em contraste, Bolsonaro originou-se de uma família humilde, o que aprofundou a distância social entre ele e os Paivas.

    Na biografia "Mito ou Verdade: Jair Messias Bolsonaro", escrita por seu filho Flávio Bolsonaro, o ex-presidente revela que as diferenças de classe o incomodavam profundamente: “Parte considerável do território da cidade de Eldorado Paulista era de domínio particular, uma fazenda enorme chamada Caraitá – que hoje seria um latifúndio”. Bolsonaro também mencionou uma suposta ligação entre Jaime Paiva e Carlos Lamarca, guerrilheiro de esquerda que atuou na região, alegação que os Paivas contestaram veementemente.

    Além das tensões sociais e políticas, Bolsonaro retratou os filhos de Rubens como jovens privilegiados, desfrutando de luxos inalcançáveis para pessoas de sua origem. Na década de 1990, enquanto deputado, ele negou no plenário da Câmara o envolvimento de militares no assassinato de ex-deputado e se opôs às investigações da Comissão Nacional da Verdade, alegando que Rubens foi morto por guerrilheiros de esquerda.

    Durante a inauguração de um busto em homenagem a Rubens Paiva, Bolsonaro cuspiu na estátua e o insultou publicamente, chamando-o de “comunista” e “vagabundo”. O incidente foi amplamente divulgado nas redes sociais por Chico Paiva Avelino, neto de Rubens, que expressou indignação com o ato do ex-presidente.

    Enquanto Bolsonaro enfrenta um julgamento que pode culminar em sua condenação e prisão, a vitória de Fernanda Torres no Globo de Ouro simboliza uma resistência cultural ao militarismo e ao golpismo. O sucesso de "Ainda Estou Aqui" não apenas celebra a excelência artística, mas também reforça a importância de preservar a memória histórica de figuras como Rubens Paiva, destacando as cicatrizes deixadas por conflitos ideológicos no Brasil contemporâneo.

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