Alckmin: 'governo vai cumprir o rigor fiscal, mas não em cima de quem ganha menos'
"É importante ter critério de justiça social", afirmou o vice-presidente
247 - O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, destacou nesta semana que o governo federal vai cumprir algumas metas fiscais, mas, de acordo com o titular da pasta, os direitos sociais não serão sacrificados.
"A primeira tarefa é zerar o déficit. Tem que cumprir o rigor fiscal, que vai garantir o desenvolvimento econômico sustentável. Eu faço em cima de quem ganha menos? É importante ter critério de justiça social", disse Alckmin no programa Roda Viva.
Para cumprir a meta de zerar o déficit, a mensagem presidencial enviada com o projeto de lei prevê que o governo continuará com medidas que busquem revisar benefícios fiscais à população mais rica. O governo também continuará a revisar gastos. Este ano, os Ministérios da Fazenda e do Planejamento detalharam as medidas para diminuir os gastos obrigatórios em R$ 26 bilhões em 2025.
Em relação às receitas, a mensagem presidencial citou medidas em votação ou já aprovadas pelo Congresso. Os destaques são a Medida Provisória 1.227, enviada em junho, que limita o aproveitamento de benefícios fiscais e obriga as empresas a detalharem à Receita Federal os incentivos utilizados, e a Lei 14.873/2024, que limitou as compensações tributárias, devoluções de tributos supostamente pagos a mais pelas empresas.
O texto também destaca leis que entraram em vigor no ano passado, mas que continuarão a aumentar a arrecadação em 2025, como a restituição do voto de desempate a favor do governo no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) e a recuperação de créditos tributários por meio do mecanismo de transações tributárias, negociações especiais entre o governo e empresas devedoras.
Receitas
• Novo programa de solução de litígio: R$ 30 bi
• Voto de desempate do governo no Carf: R$ 28,5 bi (redução)
• Controle na utilização de benefícios tributários: R$ 20 bi
• Fim da desoneração da folha, caso haja falta de acordo: R$ 26 bi
• Aumento linear na CSLL: R$ 14,9 bi
• Mudança na retenção de Imposto de Renda sobre JCP: R$ 3 bi
• Outorgas do Ministério dos Transportes: R$ 10 bi
• Dividendos de estatais: R$ 33,8 bi
• Total: R$ 166,2 bi
Revisão de gastos:
• Benefício de Prestação Continuada: R$ 6,4 bi
• Revisão de gastos no INSS: R$ 7,3 bi
• Proagro: R$ 3,7 bi
• Revisão de benefícios por incapacidade: R$ 3,2 bi
• Bolsa Família: R$ 2,3 bi
• Gasto com pessoal: R$ 2 bi
• Seguro defeso: R$ 1,1 bi
• Total: R$ 25,9 bi
Medidas adicionais, caso haja frustração de receitas
• Tributação de grandes empresas de tecnologia e redes sociais (big techs)
• Tributação global de 15% sobre multinacionais (pilar 2 da OCDE)
• Continuidade da revisão de gastos
• Bloqueios e contingenciamentos, se necessário
• Ritmo de execução do Orçamento para cumprir meta de déficit zero
• Empoçamento de verbas autorizadas, mas que não conseguem ser gastas, em torno de R$ 20 bilhões (com Agência Brasil).
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