Atrito do governo com Enel pode levar a incidente diplomático entre Brasil e Itália

247 – A decisão do ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) de encaminhar à Aneel um processo administrativo contra a distribuidora de energia Enel em São Paulo, solicitando a caducidade da concessão, tem potencial para provocar um incidente diplomático entre os governos do Brasil e da Itália. Fontes próximas ao governo italiano já começam a emitir sinais desse desconforto.

No país europeu, a companhia, em termos de representatividade econômica, tem o peso que a Petrobras tem para o Brasil – o governo italiano tem participação acionária na Enel. O caso pode acabar afetando as relações diplomáticas entre os dois países no momento em que o Brasil se prepara para sediar a reunião de cúpula do G20 (programada para novembro deste ano). O Brasil é presidente do grupo – e a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, deve vir ao encontro.

Em junho do ano passado, Lula se reuniu com Meloni, que havia assumido a presidência do G7 em maio – e o presidente brasileiro assumiria a liderança do G20 em novembro. À época da visita, Lula disse que ele e a premiê italiana trataram do compromisso de zerar o desmatamento na Amazônia até 2023. Nesse contexto ambiental, um mal-estar com a Itália poderia ser um fator de estresse para a COP30 (que o Brasil vai sediar em 2025. A atitude do ministro brasileiro também pode vir a afetar a confiança das decisões de investimento de empresas italianas no país. A Enel gera 60,9 GW de capacidade renovável no mundo todo (o que faz da Enel a maior do mundo nesse segmento).