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    Brasil deve surpreender novamente e crescimento pode chegar a 2,7% em 2024, prevê o Bank of America

    Chefe de economia para Brasil e estratégia para América Latina, David Beker destaca a alta do PIB potencial, que indica o quanto uma economia pode crescer sem gerar inflação

    (Foto: Ricardo Stuckert)

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    247 - O Bank of America (BofA) mais uma vez se destaca entre as instituições financeiras ao prever um crescimento mais robusto para a economia brasileira em 2024. O banco americano aponta para uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil de 2,7%, acima da mediana de 2,05% esperada pelo mercado, segundo o Boletim Focus do Banco Central.

    Em 2023, o desempenho do PIB brasileiro já havia superado expectativas, crescendo 2,9% e surpreendendo analistas globais. Naquele ano, o BofA foi um dos primeiros a revisar suas estimativas para cima, ainda no primeiro semestre, captando sinais de um ritmo de crescimento mais acelerado do que o esperado.

    Para 2024, a visão otimista do BofA, segundo o chefe de economia para Brasil e estratégia para América Latina, David Beker, em entrevista à Folha de S. Paulo, baseia-se em uma série de fatores que, segundo ele, indicam um aumento na capacidade de crescimento do Brasil — o chamado PIB potencial. Beker explica que o PIB potencial reflete o quanto uma economia pode crescer sem gerar inflação quando todos os recursos estão plenamente alocados.

    Beker argumenta que a economia brasileira está em um ponto de inflexão positivo, apoiado por ganhos de produtividade e uma taxa de desemprego estrutural que não pressiona a inflação. Segundo ele, o PIB potencial brasileiro subiu para 2,2%, comparado aos 1,7% da última década. A taxa de desemprego estrutural, que seria o nível de desemprego que não provoca inflação, foi estimada pelo BofA em 7,5%, valor coincidente com os dados mais recentes do IBGE de abril deste ano.

    Essa nova avaliação é suportada por evidências concretas: desde o fim da pandemia, os dados trimestrais têm consistentemente superado as expectativas, a inflação tem mostrado tendência de queda e o mercado de trabalho permanece resiliente. "A gente entende a fragilidade dessas projeções. Mas uma coisa é certa: o mercado tem sido surpreendido para cima. Não é de hoje, já há vários trimestres", pondera Beker, referindo-se ao desempenho econômico acima do esperado.

    O crescimento de 0,8% no PIB do primeiro trimestre de 2024, divulgado recentemente, está em linha com a previsão anual de 2,7% do BofA. Mesmo diante de desafios recentes, como a tragédia no Rio Grande do Sul, que trouxe riscos de baixa para a economia, a instituição mantém sua perspectiva otimista. David Beker ressalta que a projeção do BofA coloca a instituição na "ponta otimista" do mercado. No entanto, ele acredita que a resiliência da economia brasileira e os ajustes estruturais positivos justificam essa posição.

    A previsão do Bank of America também supera a do próprio governo brasileiro, que estima um crescimento de 2,5% para este ano. 

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