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    “BYD venceu a guerra dos carros elétricos e as tarifas são ruins para os Estados Unidos”, diz Richard Wolff

    Em análise no YouTube, economista detalha a queda acelerada do império americano

    BYD (Foto: Reuters)
    Redação Brasil 247 avatar
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    247 – Em uma análise contundente publicada em seu canal no YouTube, o economista Richard Wolff abordou o declínio acelerado dos Estados Unidos como potência global e criticou as políticas tarifárias do país, especialmente as que afetam a indústria de carros elétricos. Segundo Wolff, a empresa chinesa BYD venceu a competição global por veículos elétricos, mas os EUA, ao impor tarifas de 100% sobre esses produtos, estão prejudicando sua própria economia.

    “A BYD venceu a guerra dos carros elétricos. Eles produzem os melhores veículos elétricos do mundo, com a melhor qualidade e os preços mais baixos. Mas os americanos não veem esses carros nas ruas porque o governo impôs uma tarifa de 100% sobre eles”, explicou Wolff. “Isso significa que, se um caminhão elétrico da BYD custa US$ 30 mil, um americano teria que pagar US$ 60 mil. Enquanto isso, empresas como Ford e General Motors vendem veículos elétricos inferiores por US$ 40 ou 50 mil.”

    Wolff destacou que essa política protecionista beneficia apenas as montadoras americanas, mas prejudica outros setores da economia dos EUA. “Se você é um produtor de camisas, cadeiras ou software, precisa de veículos elétricos para transportar seus produtos. Enquanto seus concorrentes na Europa, Ásia ou América do Sul compram veículos da BYD por US$ 30 mil, você tem que pagar US$ 40 ou 50 mil para a Ford. Isso torna sua empresa menos competitiva, e você acaba demitindo trabalhadores”, afirmou.

    O declínio do império americano

    Wolff não se limitou a criticar as tarifas. Ele traçou um panorama amplo do que chamou de “declínio do império americano”. Segundo o economista, os EUA estão perdendo influência global para blocos como os BRICS, que reúnem países como China, Índia, Rússia e Brasil. “Os BRICS representam de 55% a 60% da população mundial e cerca de 35% da produção global. Enquanto isso, os EUA e seus aliados do G7 respondem por apenas 28% da produção mundial”, disse.

    Ele também citou a recente adesão da Indonésia aos BRICS como um sinal dessa mudança. “A Indonésia tem 280 milhões de habitantes, quase o tamanho dos EUA, que têm 330 milhões. Quando um país desse tamanho se junta aos BRICS, é um sinal claro de que o mundo está se reorganizando, e os EUA não estão mais no centro.”

    Guerras perdidas e dívidas crescentes

    Wolff lembrou que os EUA têm uma história recente de derrotas militares e estratégicas. “Perdemos no Vietnã, no Afeganistão, no Iraque e estamos perdendo na Ucrânia. Enquanto isso, nossa dívida pública ultrapassa US$ 30 trilhões, e nossos maiores credores são Japão e China. Isso significa que parte dos impostos que os americanos pagam vai para a China, que usa esse dinheiro para fortalecer seu exército”, explicou.

    O economista também criticou a política de sanções contra a Rússia, que, segundo ele, fracassou. “A ideia era reduzir o rublo a ‘escombros’, mas a economia russa cresceu mais do que a americana nos últimos dois anos. A Rússia simplesmente vendeu seu petróleo e gás para China e Índia, e as sanções não funcionaram.”

    O papel da China e o futuro incerto

    Wolff destacou o papel central da China na nova ordem global. “A China é a economia que mais cresce no mundo. Todas as grandes empresas de tecnologia dos EUA têm equivalentes na China. Eles estão construindo ferrovias na África, liderando a produção de carros elétricos e dominando setores estratégicos”, afirmou.

    Ele também criticou a falta de preparo dos EUA para lidar com essa realidade. “Estamos em negação. Nossos líderes não conseguem admitir que o império está em declínio. Em vez de enfrentar os problemas, eles preferem culpar os outros e proteger os interesses das grandes corporações.”

    O que vem pela frente?

    Para Wolff, o futuro dos EUA dependerá de dois fatores principais: as ações de outros países, como China, Índia e Brasil, e a capacidade dos americanos de se organizarem para enfrentar os desafios. “A classe trabalhadora está sendo espremida há décadas, mas há sinais de que as pessoas estão acordando. Greves na Starbucks, na Amazon e em outras empresas mostram que o movimento trabalhista está renascendo”, disse.

    Ele concluiu com uma mensagem de esperança: “Este é um momento histórico. O império está em declínio, mas isso pode ser uma oportunidade para construirmos algo melhor. Depende de nós.”

    A análise de Richard Wolff, disponível em seu canal no YouTube, oferece uma visão crítica e detalhada dos desafios enfrentados pelos EUA em um mundo em transformação. Seu alerta sobre as tarifas e o declínio do império americano ressoa como um chamado para que o país enfrente sua realidade e busque soluções coletivas. Assista:

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